Estudo identifica percepção física e emocional de adolescentes em relação a moradias
09/04/2013 – Sentimentos de insegurança decorrentes da violência urbana, dificuldades nas relações sociais ocasionadas principalmente por comportamentos da vizinhança e precariedade no fornecimento de serviços básicos, são os principais motivos que despertam nos jovens amazonenses o desejo de mudança do local de moradia atual.
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A conclusão é de uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Psicologia e Educação Ambiental (Lapsea) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
O estudo, desenvolvido pela acadêmica em Psicologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Dayse da Silva Albuquerque, será apresentado no 8º Congresso Norte – Nordeste de Psicologia (Conpsi), em Fortaleza, no Ceará. O trabalho foi contemplado pelo Programa de Apoio à Pesquisa em Eventos Científicos e Tecnológicos (Pape), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
O foco da pesquisa foi a investigação das percepções socioafetivas de jovens a respeito de suas moradias. De acordo com a pesquisadora, é importante identificar os possíveis significados e sentimentos atribuídos pelos adolescentes aos seus locais de moradia para enfatizar os aspectos constitutivos da relação dos jovens com o ambiente.
"As demandas levantadas, principalmente em relação à violência urbana mostram-se como preocupantes, não apenas por serem critérios a serem considerados na construção de políticas públicas, mas principalmente por ser o local de moradia um aspecto fundamental na formação do indivíduo e, no caso dos jovens, é revelador de sua situação identitária”, ressaltou a pesquisadora.
A pesquisa
Ao todo, 161 adolescentes participaram do estudo. A pesquisa focou em estudantes, com idades entre 12 e 18, de cinco escolas da rede pública estadual de ensino de Manaus. Em uma folha em branco, os participantes desenharam, a lápis, o local onde moram.
Além dos desenhos, os estudantes foram orientados a escrever sobre o significado do lugar desenhado, suas representações, sentimentos despertados e possíveis motivos que os levariam a mudar desse local.
Realizada de 2011 a 2012, a pesquisa foi orientada pela doutora em Antropologia Social do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Maria Inês Gasparetto Higuchi, coordenadora do Lapsea.
O levantamento contou com aporte financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic).
Técnica
Albuquerque aplicou a técnica dos mapas efetivos para levantamento das informações. O recurso deriva do método de mapas cognitivos e é referente a imagens ou representações assentadas em sinais emotivos ou expressivos, elaborados a partir de recursos imagéticos.
A técnica foi baseada no processo utilizado pela pós-doutora do grupo de Investigação Pessoa-Ambiente em Psicologia Social da Universidade de Coruña, na Espanha, Zulmira Áurea Cruz Bomfim. Em seu doutorado, Bomfim verificou os afetos presentes nas relações de moradores das cidades de Barcelona, na Espanha, e São Paulo, no Brasil, utilizando os mapas afetivos.
De acordo com Bomfim, por meio do desenho eram deflagrados os sentimentos e emoções atrelados ao local de moradia. O significado dos desenhos era descrito pelo participante da pesquisa e por meio da descrição a pesquisadora identificava os sentimentos referentes àquele local.
Albuquerque informou que os significados e sentimentos apontados pelos estudantes demonstram que à medida que a percepção do local de moradia se aproxima de aspectos mais subjetivos, transformando o espaço em lugar, os processos de apropriação e apego ao lugar se fortalecem juntamente com o desejo de permanência e o sentimento de pertencimento e vinculação.
Segundo ela, em contrapartida, os sentimentos de desagradabilidade, mal estar e insegurança geram o desejo de mudança e intensificam o desenraizamento dos moradores. Nesse contexto, eles tendem a buscar melhores condições de moradia e vínculos sociais mais significativos que permitam o desenvolvimento de sentimentos de agradabilidade, conforto e segurança.
Clique aqui e saiba mais sobre a pesquisadora Dayse Albuquerque.
Clique aqui e saiba mais sobre a pesquisadora Maria Inês Gasparetto Higuchi.
Sobre o Pape
O Programa de Apoio à Pesquisa em Eventos Científicos e Tecnológicos (Pape), financiado pelo Governo do Amazonas por meio da FAPEAM, apoia a participação de pesquisador em eventos científicos e tecnológicos para exposição de trabalho científico ou tecnológico de sua autoria, não publicado, resultante de pesquisa desenvolvida no Estado do Amazonas.
Jéssica Fernandes e Camila Carvalho – Agência FAPEAM