Iniciativas buscam proteção de quelônios na Amazônia


29/03/2013 A Amazônia é o berço dos quelônios. As praias naturais, também conhecidas como tabuleiros, mais parecem verdadeiros santuários a céu aberto, onde se encontram inúmeras espécies. Há pelo menos 14 tipos de quelônios na região: entre eles, o jabuti, o tracajá e a tartaruga-da-amazônia. Muito apreciada na culinária cabocla-ribeirinha, a tartaruga é servida na mesa do amazônida desde o período colonial. A carne e os cobiçados ovos do animal sempre foram considerados ingredientes preciosos na culinária local por serem altamente ricos em proteína. Por muito tempo, a captura indiscriminada ameaçou a espécie. Agora, o Amazonas possui  iniciativas que tentam reverter o quadro e garantir a conservação dos quelônios, já que eles também são peças-chave para o equilíbrio do ecossistema. Clique aqui para ouvir o áudio da reportagem.

Siga a FAPEAM no Twitter e acompanhe também no Facebook

vspace=10A mudança de cultura passa pelo conceito da sustentabilidade, o que vem mudando a relação entre homem e natureza. A medida leva em consideração a subsistência das comunidades envolvendo questões culturais, políticas, sociais, econômicas e ambientais. A ideia é inspirar nos comunitários novos comportamento a fim de que se sintam responsáveis pelo ambiente onde vivem, como explica a Coordenadora do Centro de Unidades de Conservação (Ceuc), da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Terezinha Fraxe.

"Desde os seus ancestrais, os ribeirinhos comiam tartaruga. Eles enfiavam o espeto no Iaçá e os animais iam para a fogueira. Isso faz parte da alimentação indígena, cabocla. Então, não somos nós, cientistas e pesquisadores ambientais, que vamos nas comunidades dizer o contrário. Nossa missão principal é que eles se alimentem de forma racional e tenham outras oportunidades", disse.

As ações do Ceuc são realizadas no decorrer do ano e envolvem conhecimento científico aliado à sabedoria popular. De acordo com o chefe do departamento de pesquisa e monitoramento ambiental do Centro, Pedro Leitão, há cerca de 140 iniciativas voltadas à conservação de quelônios no Amazonas.

Leia também:
Pé-de-Pincha inicia cronograma de soltura de quelônios
Cartilha aborda conservação comunitária de quelônios em reserva do Amazonas   

"A partir do interesse dos comunitários pela proteção das áreas, instituições de pesquisa e órgãos governamentais apoiam as iniciativas para ajudar na implementação, fortalecer a proteção e também começar o monitoramento, que sero registro do nascimento e da desova", destacou Leitão.

Um exemplo de que é preciso mudar pequenos hábitos e contribuir para um futuro em harmonia com a natureza é o projeto de extensão da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o ‘Pé-de-pincha’. A iniciativa envolve 118 comunidades nos processos de conservação e manejo participativo de quelônios há 13 anos. Somente em 2013, o projeto deve soltar aproximadamente 200 mil filhotes em cidades do Amazonas e do Pará. Conforme a coordenadora de educação ambiental do projeto, Aldeniza Lima, os comunitários participam das atividades que mobilizam pessoas de todas as idades, desde o monitoramento dos ovos até a soltura dos animais.

"Anualmente, trabalhamos com cursos, treinamento de campo, conceitos, objetivos, qual o significado da conservação e como pode ser feita. O ganho maior é para todos, porque não trabalhamos apenas com a conservação dos quelônios. Com a proteção desses animais, também conservamos outras espécies, como os peixes, por exemplo", ressaltou Aldeniza.

vspace=10

Atualmente, o projeto ‘Tartarugas da Amazônia’ é uma das principais referências no mundo em estudos da espécie. Há mais de 20 anos, o zoólogo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Richard Vogt, coordena estudos com o intuito de promover o conhecimento sobre as espécies que habitam a região, com foco em ecologia e sistemática de quelônios. Uma das pesquisas em andamento é sobre a comunicação entre tartarugas por meio de sons, que conta com o apoio da Fundação de amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), além do incentivo da Petrobrás Ambiental.

Uma novidade para 2013 é a inauguração do Centro de Estudos de Quelônios da Amazônia, localizado no Bosque da Ciência do Inpa. O espaço deve ocupar 800 metros quadrados, que serão divididos entre aquários, laboratórios, auditório e praia artificial, apenas uma demonstração do `museu vivo` composto por milhões de espécies que formam a maior biodiversidade do planeta, a Amazônia. 

 Conheça uma das iniciativas voltadas à conservação de quelônios na Amazônia no vídeo abaixo:

 

Reportagem – Edilene Mafra

Edição – Eliena Monteiro

Agência FAPEAM

Deixe um novo comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *