Atividades de manejo florestal aumentam o risco de ocorrência da leishmaniose


Infectados são em maior parte homens e realizam atividades ligadas ao extrativismo vegetal (Foto Divulgação)

Infectados são em maior parte homens e realizam atividades ligadas ao extrativismo vegetal (Foto Divulgação)

 

06/08/2013 Pesquisa realizada em Manaus apontou que os praticantes de atividades extrativistas têm maior chance de serem infectados pela leishmaniose, indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma das principais doenças infecciosas endêmicas em todo o mundo. A informação é da acadêmica de Medicina da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Satiko Takano Peixoto, que realizou um estudo com 88 pacientes, atendidos na Fundação de Medicina Tropical (FMT-AM), no período de agosto de 2012 a julho de 2013.

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Durante a pesquisa, ela constatou que a maior parte dos infectados eram homens e realizavam atividades ligadas ao extrativismo vegetal ou residiam em áreas próximas às matas primárias na calha sul do Amazonas, Estado que possui um dos mais elevados índices de casos registrados pelos órgãos públicos de saúde no Brasil.

“Analisamos os históricos de 88 pacientes atendidos na FMT, e identificamos que 76% desses pacientes eram homens e 39% realizavam atividades extrativistas. Ou eram seringueiros ou realizavam a coleta de castanha-do-brasil. Além disso, também identificamos que 60% dos pacientes tinham histórico de infecção anterior da doença”, informou.

Durante a pesquisa intitulada ‘Leishmaniose mucosa em pacientes da Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMT/HDV): Avaliação de fatores associados a sua ocorrência, agentes etiológicos, aspectos evolutivos e imunológicos, com ênfase na Leishmania (viannia) guyanensis’, a estudante identificou que os principais sintomas da leishmaniose cutânea estão associados a lesões nasais e na pele dos infectados.

Sintomas

De acordo com a estudante, todos os pacientes que tiveram sorologia positiva para a doença apresentaram os mesmos sintomas. Eles foram encaminhados para tratamento, porém nem todos deram continuidade ao mesmo. “A maior parte apresentou eliminação de crostas, obstrução e epistaxe (hemorragias nasais). Todos os pacientes foram encaminhados para tratamento, dos quais 57 seguiram até o fim e tiveram melhora das lesões. Esse número de pacientes tratados também foi considerado, pois vivemos em um Estado enorme e as comunidades ribeirinhas ficam muito distantes. Além disso, o transporte é feito pelos rios. Isso dificulta que o paciente infectado com leishmaniose chegue a um centro de referência para tratamento”, comentou.

Segundo Peixoto, o fator financeiro é outro motivo para o paciente não procurar o tratamento adequado. “A dificuldade e o alto custo para locomoção são fatores que influenciam para os pacientes se tratarem com medicamentos caseiros”.

Quanto à associação do tipo de leishmania, outro segmento do estudo, Peixoto disse que as amostras ainda estão em análise e serão identificadas na próxima etapa da pesquisa, que recebeu o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

Fonte: Rosilene Correa – Ciência em Pauta

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