Briquete: o carvão sustentável ganha mercado na Amazônia
03/01/2013 – Ainda pouco difundido na Região Norte do Brasil, o briquete é conhecido por ser a lenha sustentável, feita com resíduos de outras culturas, que, quando prensadas tornam-se um bastão inflamável. O produto ecologicamente correto é produzido no Amazonas de 2012 e começa a ganhar mercado.
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“O briquete é capaz de substituir o carvão em qualquer tipo de trabalho. Ele tem a vantagem de agregar valor ecológico sustentável no trabalho, pois nós reaproveitamos o resto de outras plantações, não cortamos árvores”, comentou Amos Barbosa Ferreira, empresário proprietário da Transvar.
O briquete produzido no Amazonas nasce do bagaço da cana de açúcar. O resto da planta que antes seria jogado fora agora é reutilizado. “Nós juntamos aproximadamente 200 litros do ‘bagaço’ de cana, desidratamos e o colocamos em um tubo onde uma máquina faz uma pressão de mais de 40 toneladas por minutos e logo depois um briquete de 50 centímetros está pronto”, comenta Valdir Ferreira, pai de Amos.
Tradicionalismo x novidade
Pela região ser rica em árvores e a cultura madeireira da região forte, as indústrias fazem uso maciço de lenha para obter o carvão, muitas de maneira ilegal. Com a fiscalização cada vez mais rígida de órgãos ambientais, a obtenção de lenha para o comércio torna-se cara.
Em comparação com o briquete, a madeira só tem a perder, de acordo com Ferreira. “Cada tonelada de briquete equivale a dez árvores derrubadas. Além disso, pode se levar em conta do tempo menor de fervura em relação ao carvão, e a acomodação do produto, que é bem mais prático”.
Quando um bastão é queimado não existe fumaça lançada no ar, o que se observa é somente o vapor da brasa saindo. O que sobra, é a silica, substância própria da queima da cana de açúcar, que pode ser usada como adubo em plantações mesmo tostada.
Aceitação
Mas a introdução do briquete como ferramenta não é fácil, muitos duvidam de sua eficiência e desconfiam do que realmente existe nos bastões. Apesar disto sua aceitação tem sido boa. Muitas pizzarias, churrascarias, matadouros de gado algumas empresas do Distrito Industrial de Manaus se renderam à novidade.
“Desqualificam mesmo, dizem que tem esterco, ou acham que tem algum produto químico no meio. Simplesmente não acreditam! De fato, o briquete pode ser feito de muitos restos de plantas cultivadas, mas a eficiência é a mesma”, disse Valdir Ferreira.
Fazendo o trabalho de apresentação do briquete com alguns empresários, os Ferreira conseguiram superar o preconceito inicial e se orgulham se serem os principais fornecedores das fornalhas de diversos restaurantes em Manaus.
“Sempre ouço dos donos das pizzarias e churrascarias que agora eles não sentem mais aquele cheiro forte de fumaça que machuca os olhos, trazendo problemas de saúde para os funcionários. Agora eles sentem o cheiro adocicado de briquete queimado”, brinca o senhor Valdir Ferreira.
Próximo desafio: Olarias
O Amazonas conta com, aproximadamente, 60 olarias produtoras de tijolos, e é neste nicho que o briquete quer fazer-se presente. Amos Ferreira mantém contato com duas delas que estão conhecendo o produto.
O empresário David Novoa, da ‘Novoa Cerâmica’, olaria de Manacapuru, afirma que recorreu ao briquete para dar conta de sua produção. “Uso porque não há lenha legalizada capaz de atender a minha demanda”, afirmou Novoa. Apesar de achar que o briquete é uma saída sustentável para o meio ambiente, a parte econômica ainda pesa ao se pensar em apenas briquetes em suas fornalhas.
“O custo da queima com o briquete é impraticável. Hoje o consumidor paga R$450/milheiro, em média. Se usássemos apenas briquete, o milheiro para o consumidor não sairia por menos que R$ 1.000,00”, disse Novoa.
Os Ferreira acreditam que o que falta ainda é a prática com o uso do produto, somente fazendo testes precisos com as fornalhas de olarias é possível fazer crer no seu potencial.
“Nós vamos de porta em porta para demonstrar aos empresários do ramo que existe sim a diferença na qualidade e na quantidade do serviço. Além do que, o briquete pode ser entregue durante todo o ano, ao contrário da madeira, que tem problemas de suprir as empresas e depende da cheia e da seca do rio para ser transportada”, completou Ferreira.
Fonte: Portal A Crítica