Crença no fim do mundo X visão científica sobre o assunto. Quem vence?
21/12/2012 – Há tempos as pessoas contam com o fim do mundo ocorrendo nesta sexta-feira, 21/12/2012, e dão várias explicações: um possível cometa, uma tempestade solar extrema, terremoto global…
E muitos levam isso bem a sério. Rob Skelton, que mantém o site Survive2012.com, estudou o acontecimento por 15 anos, afirma que há sim razões para nos preocuparmos. Não pelo cometa, pois, a essa altura, nós já teríamos detectado – a não ser que ele tenha perdido sua superfície reflexiva de gelo. Mas sim pelas tempestades solares – os Maias podem ter encontrado um padrão em auroras de baixa altitude e previsto um desastre para este ano.
“Os dois só são previsíveis por períodos mais longos de observação, comparado com a pouca idade da era científica moderna. Tudo o que fiz foi encontrar uma razão pela qual isso poderia acontecer neste mês de dezembro”, disse ele ao portal FoxNews.
Rob afirma que uma tempestade solar poderia anular a rede de energia dos EUA por meses. Sem a energia garantindo a segurança de usinas nucleares, o funcionamento das fábricas e a comunicação com os serviços de emergência, haveria pandemônio e destruição, afirmou.
Um cientista da Nasa, por sua vez, acredita que nada de mais deve ocorrer no dia 21. O astrobiólogo da agência norte-americana, David Morrison, classifica a preocupação como um “fenômeno da internet” e diz que meteoros destruidores são raros, ocorrendo provavelmente uma vez a cada 500 milhões de anos.
Mesmo que as tempestades solares sejam relativamente comuns e que cometas só sejam mais facilmente detectáveis ao passar pelo Sol, Morrison afirmou que nada do gênero deve ocorrer.
No caso das tempestades, ele disse que “a energia elétrica realmente acaba, e não é uma coisa legal e significa que as pessoas não ficam felizes. Mas isso não mata milhões. Em muitos casos, mesmo em um grande ‘blecaute’, pode levar no máximo semanas para que a energia seja reestabelecida”, frisou.
O professor na Faculdade Agnes Scott e autor do livro “The Complete Idiot’s Guide to Astronomy” (Guia de Astronomia para o Completo Idiota, em tradução livre), Chris De Pree, concorda e complementa dizendo que não haveria grandes efeitos colaterais além de falhas na comunicação e algumas auroras boreais.
A Nasa usa o Observatório Solar e Heliosférico (SOHO) para rastrear cometas e asteroides, e tem ainda a Pesquisa da Guarda Espacial, um projeto de dez anos que rastreia objetos próximos a Terra. Até agora não há segredos, segundo Chris: “A NASA publica o relatório online para quem quiser ver. E se houver cometas escuros, não reflexivo? Bom, a NASA continua rastreando-os mesmo assim”.
David encara com ceticismo as profecias Maias. “Não há nada de especial sobre a data. Os Maias nunca previram que alguma coisa fosse acontecer. Há milhares de pessoas que mantêm sites e fazem vídeos no YouTube sobre catástrofes que não são cientistas”, disse.
O calendário Maia funciona mais ou menos como o nosso: quando você chega ao final, você vira a página e começa outro. Não deve demorar muito até que a próxima crença apocalíptica surja. “Afirmações sobre o fim do mundo são um meio honrado pelo tempo de se vender coisas”, alegou.
Fonte: Por Victor de Andrade Lopes, do Portal Jornal Ciência