Pesquisador do Inpa alerta para extinção de primatas da Amazônia


12/03/2014 – A pressão do desmatamento das florestas já ameaça seriamente três espécies de primatas da Amazônia, classificadas como Criticamente em Perigo, segundo a última oficina de avaliação do estado de conservação dos primatas brasileiros do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). São eles: o Saguinus bicolor (sauim-de-coleira), o Cebus kaapori (macaco caiarara ou macaco-de-cara-branca) e o Chiropotes satanas (cuxiú-preto). A informação é do recém-empossado presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia (SBPr), o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), o ecólogo Wilson Roberto Spironello, 59.

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“Se medidas não forem tomadas, várias espécies tendem a desaparecer. E esse número pode aumentar em médio e longo prazo mesmo em áreas como a Amazônia, em razão dos empreendimentos de infraestrutura em execução como hidroelétricas, redes de energia e repavimentação da BR-319″, alerta Spironello.

Cebus kaapori, endêmico da região da Amazônia, corre risco crítico de extinção, de  acordo com Wilson Spironello (Crédito: Marcelo Marcelino/ICMBio)

Cebus kaapori, endêmico da região da Amazônia, corre risco crítico de extinção, de acordo com Wilson Spironello (Crédito: Marcelo Marcelino/ICMBio)

De acordo com Spironello, espécies que habitam florestas de terra firme na Amazônia como o macaco caiarara ou macaco-de-cara-branca e o cuxiú-preto, no extremo leste do bioma Amazônia, entre os estados do Pará e Maranhão, correm sério perigo de extinção juntamente como o sauim-de-coleira, que está distribuído em áreas restritas nos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara, no Amazonas.

“Os primatas são os primeiros a sofrerem com o desmatamento pela perda de seu habitat. São espécies importantes na natureza por apresentar funções de dispersores de sementes ou como predadores participando nos processos de dinâmica florestal”, explica o presidente da SBPr, Wilson Spironello.

Nova gestão da SBPr

A cerimônia de posse da nova diretoria da SBPr aconteceu no fim de fevereiro (25), na Universidade Federal Rural de Pernambuco. Por ser a Amazônia uma região que apresenta a maior diversidade de primatas e pela necessidade de estimular estudos e programas voltados para a conservação e a formação de recursos humanos, foi sugerido pelos membros da entidade um nome da região Norte para presidir a SBPr para o biênio 2014-2015.

Além de Wilson Spironello (presidente), fazem parte da nova diretoria a professora da Universidade Federal de Rondônia, Mariluce Messias (vice-presidente); o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Marcelo Gordo, e a doutoranda do Inpa, Cristiane Rangel, ambos tesoureiros; e Fernanda P. Paim e Felipe Ennes como secretários. Os dois últimos são do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

Para o novo presidente, entre os desafios a serem superados pela entidade está o de tentar dar mais visibilidade às pesquisas na área de primatas e trabalhar no sentido de envolver a sociedade nas questões de conservação. “O quadro é bastante preocupante, mas nem por isso vamos recuar no desafio de trabalhar em prol do conhecimento e na preservação das espécies”, diz Spironello.

O novo presidente da SBPr ressalta que o Brasil possui a mais rica fauna de primatas do planeta em diversidade de espécies. Só no Brasil, são reconhecidas 139 espécies, sendo 111 somente na Amazônia, cujo número deve aumentar com o avanço de análises genéticas e com a intensificação de levantamentos em áreas pouco ou nunca inventariadas. Ele explica que desse total, 36 estão sob ameaças, de acordo com os estudos do ICMBio.

Fonte: Ascom Inpa