Comunidades indígenas do Amazonas comandam negociações
23/04/2014 – Aos poucos as comunidades indígenas conseguem
autonomia quando o assunto são os negócios com empresas e indústrias. Esta autonomia vem para suprir a falta de diálogo entre o setor produtivo e as comunidades indígenas, além de diminuir as ameaças para a conservação ambiental. Esses fatores eram responsáveis por trazer impactos negativos para os negócios das próprias empresas.
Para evitar o desgaste perante a comunidade internacional e garantir os lucros, as empresas passaram a evitar decisões que, quase sempre, eram unilaterais. Atualmente os negócios são tratados diretamente com as lideranças indígenas que exigem respeito e preços justos.
No Amazonas, a Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) é responsável por articular as negociações. Com a finalidade de formular, executar e implementar a política de etnodesenvolvimento sustentável, em que o indígena detém o controle sobre suas próprias terras, seus recursos, sua organização social e sua cultura, e é livre para negociar com o Estado o estabelecimento de relações segundo seus interesses e a preservação de valores culturais e históricos.
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O secretário da Seind, Bonifácio Baniwa, cita as negociações entre os Saterê-Mawé e a Companhia de Bebida das Américas (Ambev) como um dos exemplos que influenciam positivamente no etnodesenvolvimento da comunidade.
“Entre os indígenas e a empresa, o consórcio gera benefícios e os preços são justos. A Ambev ajuda a manter equipes de monitoramento e fiscalização da área, constituídas de indígenas das próprias comunidades, o que nos dá autonomia para mantermos nosso estilo de vida e ter um aumento na qualidade de vida, através de emprego e renda”, exemplificou Bonifácio.
Novo sistema
A partir de 1998, depois da demarcação das terras indígenas na região do Rio Negro, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e associações filiadas, começaram a implantar um conjunto de projetos piloto para viabilizar algumas iniciativas prioritárias das comunidades indígenas, na direção de um Programa Regional de Desenvolvimento Indígena Sustentável.
Algumas ações visavam incentivar a produção sustentável por encomenda de cestaria de arumã para comercialização com a gestão direta dos recursos pelas associações baniwa, agregando valor cultural e ambiental aos produtos e identificando nichos de mercado adequados para obter preços compensadores.
“Atualmente os baniwa tratam direto com empresários de São Paulo e participam de várias feiras de negócios pelo país e exterior. O material retirado por meio de manejo sustentável vem ganhando valor agregado e atingindo vários mercados,” disse o secretário.
Geração de renda
Exemplificando as políticas inovadoras, a participação de 18 organizações indígenas na Feira Internacional da Amazônia (Fiam) 2013, gerou, após três dias de vendas, R$ 27,6 mil, com faturamento maior para a União das Mulheres Artesãs indígenas do Médio Rio Negro (Umai), que obteve R$ 10,7 mil, contra R$ 3,6 mil da segunda colocada, a Associação das Mulheres indígenas de Bom Caminho (Amatü), do município de Benjamin Constant.
Toda a ação foi coordenada pela Seind, por meio da câmara técnica “Sustentabilidade Econômica dos Povos Indígenas”, do Comitê Gestor de Atuação Integrada entre o governo do Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai).
Fonte: Artur Mamede – Jornal do Commercio
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