Software ajuda crianças autistas durante o processo de alfabetização

O software é o resultado de um trabalho de pesquisa de conclusão de curso de Design Gráfico. (Foto: Érico Xavier)
14/05/2014 – A partir desta semana está disponível para download gratuito o software ‘Lina Educa’, o qual foi desenvolvido para auxiliar o processo de alfabetização de crianças com autismo. O software é o resultado de um trabalho de pesquisa de conclusão de curso de Design Gráfico, desenvolvido pela então acadêmica Alice Neves Gomes dos Santos, sob a orientação da professora do curso de Design da Faculdade de Tecnologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Claudete Barbosa.
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O projeto teve o aporte do Governo do Estado do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Estadual de Atenção à Pessoa Com Deficiência – Viver Melhor/Edital de Apoio à Pesquisa para o Desenvolvimento de Tecnologia Assistiva (Viver Melhor/Pró-Assistir). Ao todo, foram disponibilizados cerca de R$ 183 mil, além de bolsas de estudo, para o projeto.
Segundo Claudete Barbosa, o apoio da FAPEAM permitiu a realização de um sonho. “Buscamos ajuda em vários locais. Contudo, quando vimos o edital ficamos muito felizes com a possibilidade de desenvolver o software”, afirmou a pesquisadora.
Lina Educa

O método cria e organiza uma agenda com todas as atividades diárias da criança, das mais básicas, como horário para tomar banho, até aulas de português para alfabetização. (Foto: Érico Xavier)
O programa possui uma linguagem simples e conta com recursos de animação gráfica e tem como principal objetivo oferecer ao educador e aos pais um suporte para o auxílio à educação especial de crianças portadoras do Transtorno do Espectro Autista.
O método usado foi o Teacch (sigla em inglês que significa Tratamento e Educação de Crianças Autistas e de Comunicação Relacionados a Deficientes Físicos), sendo o mesmo utilizado pela Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos, pelo professor Júlio Delarose. Esse método de relações de comportamento consiste em um grupo fechado de palavras e imagens, no qual a criança aprende por meio das relações entre as palavras e as imagens.
Testes
Durante três meses, segundo a professora, foram realizados testes e somente após essa etapa o software passou por adaptações a fim de que possa ser acessado em duas plataformas em desktop e tablets de 10’ e 7’ polegadas.
Os testes contaram com a participação de 13 crianças autistas atendidas pelo Instituto Autismo no Amazonas. A aplicação foi realizada sob a supervisão de seis adultos e pelo Grupo Gradual de São Paulo.
De acordo com o diretor do Instituto, Joaquim Melo, todos os testes foram feitos com tablets. “Verificamos que houve o bom desenvolvimento das crianças na questão da rotina da alfabetização”, afirmou o diretor. Ele explicou que ainda é possível adequar o software de acordo com a fase de desenvolvimento da criança. O supervisor consegue avançar as fases de alfabetização. Foram realizados dois testes: um de aprendizado, para verificar se o software auxilia no processo de alfabetização, e um de usabilidade, que testou a interação, a dinâmica e o uso do sistema.
Viver Melhor/Pró-Assistir
Lançado em abril de 2012, o Viver Melhor/Pró-Assistir foi idealizado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (Secti-AM) e executado em parceria com a FAPEAM e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Seped).
Este foi o primeiro programa de tecnologia assistiva lançado no País a estimular a participação não somente de pesquisadores, mas também de inventores.
A FAPEAM disponibilizou, por meio do edital 006/2012, cerca de R$ 2,5 milhões para aplicação em projetos de inovação voltados ao desenvolvimento de produtos assistivos de maneira a contribuir para dar mais autonomia, independência e qualidade de vida a pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida.
Adriana Pimentel – Agência FAPEAM