Especialista em divulgação científica fala sobre o desafio de divulgar ciência


Nunes disse que a pesquisa científica quase que integralmente é paga com dinheiro público, sobretudo no Brasil, por isso, merece ser apresentada à sociedade que investe nela. (Foto: Érico Xavier)

15/05/2014 – Os temos científicos têm se tornado mais comuns, familiares e valorizados pelo grande público, fruto do trabalho realizado por jornalistas. Essa cobertura jornalística se revela pouco a pouco mais profunda. Para falar sobre esse assunto, a Agência FAPEAM entrevistou o atual presidente da Associação Brasileira de Divulgação Científica (Abradic), Osmir Nunes. Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), o pesquisador atua principalmente com divulgação científica, história da comunicação e da ciência. Confira a seguir a entrevista.

Agência FAPEAM (A.F) – Qual o papel da divulgação científica?

Osmir Nunes (O.N) – A divulgação da ciência é uma das coisas mais importantes que pode ter para o cientista, pois eles vivem descobrindo e produzindo conhecimento. Quem repassa essas informações à sociedade são os comunicadores e os próprios cientistas dotados. Muitos querem se preparar para essa atividade e nós contribuímos com essa formação também.

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O artigo científico é um código fechado que só os iniciados vão entender a linguagem. O cidadão comum que tenta acompanhar o desenvolvimento da ciência através de leitura desse tipo de publicação não consegue, às vezes, entender. Nesses casos, para passar o conhecimento científico para o grande público entra em ação o divulgador científico.

A.F:O que mudou nessa relação, da perspectiva dos cientistas?

O.N: A pesquisa científica quase que integralmente é paga com dinheiro público, sobretudo no Brasil, por isso, merece ser apresentada à sociedade que investe nela. Nesse momento é que entra a divulgação científica. Também é nesse momento que o artigo científico torna-se fonte primária para abastecer a divulgação científica. O jornalismo científico que consiste no noticiário cotidiano baseado em fatos novos que se abastece dessa rica fonte. O artigo é fonte primária porque representa a informação de fato como ela é.

Hoje, vejo que o interesse em relação a esse tipo de assunto é maior. O divulgador passa a ser um assessor de impressa qualificado, que passa à sociedade a produção dele. Não adianta ficar fechado em um laboratório e não levar ao público o conhecimento do que está sendo realizado. É uma obrigação você dá respostas e mostrar em que o dinheiro público está sendo empregado.

A.F:Além dessas mudanças do lado da comunidade científica, houve também evolução do lado da produção da notícia? A qualidade do jornalismo melhorou?

O.N: Temos uma geração que gosta de ciência e o jornalista passa a incentivar os jovens a querer seguir esse caminho. Muitos sonham em ser pesquisador. Para se ter um bom jornalista científico, primeiramente, deve-se querer fazer jornalismo na área de ciência. Precisa-se fazer ciência e utilizar a comunicação como ferramenta de divulgação para se comunicar o mais amplamente possível.

A FAPEAM tem iniciativas que incentivam jornalistas que estão na área há anos e também aos jovens que estão começando na profissão. A Amazônia dispõe de ciência em abundância para todos trabalharem na área. Vejo trabalhos de altíssima qualidade sendo desenvolvidos no Amazonas, por exemplo. A Amazônia está pronta para fazer um grande ato para a ciência brasileira.

 

Adriana Pimentel – Agência FAPEAM