Rede Internacional de Colaboração Científica estudará bacia do Madeira

17/10/2012 – Pesquisadores do Brasil, Bolívia e Peru reuniram-se no mês de agosto para discutir a criação de uma rede internacional de informação sobre a bacia do Rio Madeira. O encontro foi promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Apoio à Realização de Eventos Científicos e Tecnológicos no Estado do Amazonas (Parev). A rede de dados sobre a ictiofauna do Rio Madeira terá o objetivo de oferecer suporte para a pesquisa em mesoescala. Os resultados advindos dessa colaboração poderão oferecer informações para subsidiar ações de políticas públicas sustentáveis para aquela região.

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Segundo a doutora em Biologia de Água Doce e professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Gislene Torrente Vilara, existe uma necessidade urgente de analisar o sistema do Rio Madeira como um todo, sua biodiversidade e funcionalidade, bem como mensurar o valor económico dos recursos pesqueiros para a região. As interferências provocadas pelo homem dentro do sistema, seja no Brasil ou na Bolivia, podem influenciar toda a dinâmica da bacia, disse a pesquisadora.

Para a professora, a ciência deve atravessar fronteiras, sobretudo, quando se trata de estudar um dos maiores rios da Amazônia, onde foram construídos dois grandes empreendimentos hidrelétricos: Jirau e Santo Antonio. A Santo Antonio Energia (SAE), formada pelo convênio Furnas e Odebretch, vem subsidiando pesquisas no rio Madeira desde 2003, quando iniciou o estudo de viabilidade dos empreendimentos na bacia. Na Bolívia, onde a bacia do rio Madeira vem sendo estudada desde a década de 80, uma participação de pesquisadores franceses do convênio ORSTOM e atualmente pela presença do IRD tem fomentado um importante conjunto de dados para a pesquisa no alto rio Madeira, na Bolívia e Peru.

A diretora do laboratório de Ictiologia da Universidade Federal de Rondônia, doutora Carolina Dória e coordenadora-geral dos estudos em território brasileiro, destaca a importância do avanço das pesquisas na bacia que tem sofrido com a descaracterização ambiental nos anos 1980, com a exploração pelo garimpo. “Esta visão da bacia é fundamental para mensurar adequadamente os impactos pretéritos e atuais das represas e conservar habits na bacia para os recursos aquáticos” , reforça Dra Carolina.

Os cientistas bolivianos do Instituto de Investigaciones Aplicadas de los Recursos del Agua (Faunagua) e da Union Labor Retirement Association (ULRA), estudam as partes altas da bacia dos rios Mamoré, Iténez (Guaporé) e Beni (na Bolívia), em conjunto com os pesquisadores do Institut de Recherche pour le Développement -IRD e todos participam do encontro compartilhando opiniões.  

“Há anos estamos coletando dados, cada um de um lado da bacia; agora, a criação da rede científica permitirá um monitoramento mais completo dos impactos sobre a ictiofauna e a pesca nos três países”, explicou o diretor do Faunagua, Dr. Paul Van Damme que disse ainda que os dados científicos são cruciais para informar os responsáveis políticos sobre os possíveis impactos da implementação de novas represas no futuro.

Rio Madeira

O Rio Madeira, é, juntamente com o Rio Negro, considerado um dos principais afluentes do Rio Amazonas. O curso com nascente situada na Cordilheras dos Andes onde é denominado como Rio Urubamba, no Peru, atravessa a Bolívia onde é reconhecido como Rio Beni e percorre cerca de 1500 quilômetros antes de desaguar no Rio Amazonas, reconhecido como Rio Madeira desde a expedição de Pedro Teixeira, no século 19.
 
A ictiofauna do Rio Madeira tem sido mensurada e já ultrapassa 900 espécies de peixes, parte das espécies importantes como fonte de proteína para a população ribeirinha e base econômica da região.

Sobre o Parev

O Programa de Apoio à Realização de Eventos Científicos e Tecnológicos no Estado do Amazonas (Parev) consiste em apoiar, com recursos financeiros, a realização de eventos científicos e tecnológicos no Estado do Amazonas.

Sebastião Alves – Agência FAPEAM

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