Pesquisadores buscam soluções para doenças de plantas que afetam economia agrícola
27/08/2012 – “Falando de doenças de plantas, o Brasil não tem fronteiras”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Fitopatologia, Luiz Gonzaga Chitarra, durante o 45º Congresso Brasileiro de Fitopatologia, que teve como tema ‘Fitopatologia Tropical e Sustentabilidade’. Chitarra alertou que é importante fortalecer o conhecimento nessa área para evitar que a economia agrícola se torne vulnerável, pois doenças de plantas podem causar prejuízos econômicos, desemprego, perdas agrícolas e redução de alimentos. “É nosso dever, da comunidade científica de fitopatologia, buscar soluções para essas doenças”, observou.
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Pesquisadores, estudantes, professores e técnicos participaram, em Manaus, desse Congresso que apresentou mais de 900 trabalhos científicos nessa ciência que estuda as doenças de plantas e fatores relacionados a esses problemas. O evento aconteceu de 19 a 23 de agosto de 2012, no Studio 5 Centro de Convenções.
O chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Luiz Marcelo Brum Rossi, ressaltou que embora aparentemente doenças de plantas pareçam ser um assunto de pouco interesse da população, na realidade “a fitopatologia é um dos poucos temas que abrange 100% da população, pois as doenças de plantas têm um impacto direto na quantidade e qualidade do alimento que chega à mesa de todos”, afirmou.
Presidente do 45º Congresso Brasileiro de Fitopatologia, Luadir Gasparotto ressaltou que esta edição do Congresso chama a atenção da comunidade científica da fitopatologia para temas da Amazônia, para as doenças que ocorrem na região mas que também afetam culturas de diversas regiões produtivas do País.
O gerente regional da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Valdenor Cardoso, citando um exemplo de como as doenças de plantas afetam o País, lembrou que o Brasil era o primeiro produtor mundial de cacau nos anos 80, mas a convergência de fatores climáticos, econômicos e governamentais permitiu que a ‘vassoura-de-bruxa’ (uma doença causada por um fungo que afeta o cacaueiro e cupuaçuzeiro) chegasse à região produtora de cacau no sul da Bahia. “Isso gerou uma crise econômica terrível para a região, chegando a desempregar 250 mil trabalhadores tanto naquela região da Bahia quanto na região norte e a produção de cacau caiu de 480 mil toneladas para 90 mil”, comentou.
O presidente da Federação de Agricultura do Estado do Amazonas (Faea), Muni Lourenço Junior, destacou a importância das pesquisas em fitopatologia, ressaltando que nenhum país consegue produzir alimentos atualmente com a mesma quantidade e qualidade que o Brasil, e isso se apoia no conhecimento da fitopatologia, que tem conseguido enfrentar e oferecer alternativas de controle para diversos problemas de doenças de plantas em culturas agrícolas.
O vice-reitor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ednaldo Narciso Lima, disse que o Congresso foi uma oportunidade de conhecer e discutir temas da região amazônica, que é dotada de grandes desafios mas também de grandes oportunidades, inclusive um espaço de grande potencial de pesquisa para a fitopatologia.
O coordenador de extensão do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Carlos Bueno, afirmou que o Congresso de Fitopatologia chega ao Amazonas num momento em que as instituições de pesquisa têm amadurecido bastante nas capacidades em que estão focadas e o setor de ciência e tecnologia na região amazônica vem se fortalecendo muito nos últimos 10 anos.
Bueno também fez referência à importância e à responsabilidade na produção de alimentos, diante da crescente necessidade de alimentar a população atual do planeta hoje em 7 bilhões de pessoas, com a projeção de que “em 2050 seremos 2 milhões de habitantes, com 90% das pessoas morando nas cidades, enquanto apenas 10% estarão no campo produzindo alimentos”. O pesquisador ressaltou que nesse cenário as doenças de plantas se colocam como um desafio, por se tornarem fator limitante de produção de alimentos principalmente nas regiões tropicais, onde as altas temperaturas e alta umidade favorecem a ocorrência das doenças.
O 45º Congresso Brasileiro de Fitopatologia teve como tema a ‘Fitopatologia Tropical e Sustentabilidade’, foi promovido pela Sociedade Brasileira de Fitopatologia (SBF) em parceria com a Embrapa Amazônia Ocidental, Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Superintendência Federal de Agricultura no Amazonas (SFA-AM).
Fonte: Siglia Regina – Embrapa Amazônia Ocidental