Amazonas aposta no potencial de incubadoras
09/08/2012 – A competitividade exige maior criatividade na hora de montar um empreendimento. Mas como tirar do papel uma ideia de produto ou serviço? Nesse momento, as incubadoras surgem como alternativa viável, uma vez que dão o auxílio necessário para que boas ideias sejam lançadas no mercado.
No Amazonas, assim como no restante do País, o movimento das incubadoras vem ganhando cada vez mais força e já contabiliza resultados concretos para a economia. Nesse contexto, podem ser encontrados empreendimentos de sucesso, como é o caso da Amazongreen e da Fabriq, empresas apontadas como exemplos para quem deseja entrar no mundo dos negócios.
Siga a FAPEAM no Twitter e acompanhe também no Facebook
Resultantes de ideias que surgiram na mente de empresários visionários, as empresas receberam o auxílio que precisavam, em Manaus, do Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (Cide), que oferece aos empresários consultoria, assessoria empresarial, além de espaço de divulgação em feiras e eventos, entre outros benefícios.
As duas empresas representam uma nova abordagem em termos de empreendedorismo na região, que é baseada na agregação de valor ao produto final. Os proprietários, Francisco Aguiar (Amazongreen) e Fredson Encarnação (Fabriq), reconhecem que a decisão de se associar a uma incubadora foi primordial para a garantia do sucesso empresarial.
A Amazongreen passou pelo processo de incubação durante seis meses. Atualmente, a empresa é referência na oferta de produtos à base de matéria-prima regional, tais como perfumes, cremes, óleos e até maquiagem. O empresário Francisco Aguiar apontou o acompanhamento especializado como uma das principais vantagens do processo de incubação.
Já a Fabriq, esteve durante três anos no processo de incubação, tendo o prazo estendido por mais dois anos. Em 2010, o empreendimento ganhou autonomia e deixou de ser residente no Cide. A empresa, especializada no desenvolvimento de softwares, passou a investir recentemente em consultoria e treinamento na área de Tecnologia da Informação. A orientação recebida na área de gestão de negócios foi primordial para o aprimoramento de produtos e serviços, na avaliação do proprietário, Fredson Encarnação.
“A necessidade de desenvolver um plano de negócios, como pré-requisito do processo de incubação, auxilia o empreendedor a ter uma visão em longo prazo de seu empreendimento. Além disso, o acesso a consultorias e treinamentos permite a conquista de maturidade gerencial, o que reflete no aprimoramento da organização”, frisou o empresário. Ele destacou ainda como benefícios adicionais de ter uma incubadora na condição de aliada para ingressar no mundo do empreendedorismo o aumento da rede de relacionamentos, que permite acesso a novos clientes e maior visibilidade da empresa.
Desafios
O mercado exige novas ideias, mas, na maioria das vezes, a falta de experiência e a burocracia desestimulam aqueles que desejam abrir um negócio. Na visão dos empreendedores, o processo de incubação foi essencial para driblar esses entraves, os quais são apontados como obstáculos tanto para a geração quanto para a permanência de empresas no mercado.
“As principais dificuldades são a falta de conhecimento quanto aos procedimentos para colocar novos produtos no mercado e no que se refere às linhas de crédito voltadas a esses itens, além da questão da tributação, cujo índice ainda é bastante elevado, principalmente para os pequenos empreendedores”, afirmou Francisco Aguiar. “Mesmo assim, o desafio de empreender superou as barreiras e a motivação de fabricar produtos extraídos da própria floresta amazônica fez com que tudo fosse recompensado”, completou.
Apoio a novas empresas
O Cide é um dos centros que oferece apoio a novas empresas, tendo como requisito o critério da inovação. O Centro está entre os 20 maiores do País, no ranking da revista Exame, com 52 empresas incubadas, de acordo com levantamento realizado no ano passado e oferece auxílio na geração e consolidação das mesmas.
O modelo de seleção do Cide consiste na apresentação de um plano de negócios. “O período de incubação de empresas é de três anos, dependendo do tipo de produto fornecido por ela e de como a empresa está inserida no mercado”, afirmou a consultora do Cide, Cleide Furtado, em palestra durante o 1º Workshop de Start-Ups do Amazonas, realizado no último dia 24 de maio.
Apesar de aparentemente simples, a orientação fez a diferença no modelo de gestão empregado na Amazongreen. “O processo de incubação foi simples e prático. Apresentamos um plano de negócios, a incubadora o analisou e nos orientou a adequarmos alguns tópicos”, disse Aguiar.
Isto também foi o que motivou o empresário Fredson Encarnação, que inclusive recebeu fomento por meio do Pappe Subvenção a abraçar o desafio. Encarnação teve o projeto financiado pela FAPEAM e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
“Soubemos que o Cide estava com o processo de incubação aberto e oferecia cursos de empreendedorismo e plano de negócios. Isto foi o suficiente, na época, para nos motivar a realizar a associação, tendo ocorrido em um momento em que a empresa já estava montada e com ponto alugado. Vimos como uma oportunidade de melhorar o próprio negócio que ainda tinha pouco tempo de vida”, afirmou.
Empreender sem medo
A inovação é o principal atrativo para o mercado. Por outro lado, também significa a ampliação de exigências quando se trata de buscar apoio para fortalecer o negócio. “O maior pré-requisito é ter um produto ou processo inovador. A partir daí, orientamos os empresários a concorrer a editais de fomento, pois o Cide não ajuda as empresas no lado financeiro. Nossa expertise é trabalhar a ideia e dar o suporte na área de assessoria”, destacou a consultora.
O incentivo constante para os novos empresários também é uma das marcas da incubação. “Buscamos motivar os empreendedores de maneira que as empresas possam crescer, contratar mais profissionais e se consolidar no mercado”, comentou Cleide Furtado. Segundo ela, para as incubadoras é importante que as empresas possam fechar negócios não só no varejo, mas também no atacado. “Não adianta o empresário ter medo de arriscar”, ressaltou.
Fortalecimento de incubadoras
O Amazonas está buscando cada vez mais incentivar a instalação de novas incubadoras. No mês de maio, o Governo do Amazonas por meio da FAPEAM, em parceria com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas, lançou o edital do Programa de Apoio a Incubadoras (Pró-Incubadoras).
O edital prevê investimento da Fapeam da ordem de R$ 1,7 milhão para garantir o apoio ao fortalecimento das incubadoras já existentes, por meio da formação de redes, e promover a implementação de novas incubadoras, preferencialmente, na Região Metropolitana de Manaus (RMM).
Os recursos poderão ser investidos em capital, custeio e bolsa. Os investimentos para cada proposta selecionada variam de R$ 100 mil até R$ 500 mil.
O titular da Secti-AM, Odenildo Sena, destacou o caráter inédito da ação e a possibilidade de estimular a criação de novas incubadoras, principalmente, no interior do Estado. “O lançamento desse primeiro edital voltado para incubadoras é um produto das discussões promovidas pelo Fórum de Inovação – órgão consultivo da secretaria, permitindo a criação de políticas públicas e de ações práticas voltadas para a promoção da inovação e o desenvolvimento do Estado”, disse.
Segundo a diretora-presidenta da FAPEAM, Maria Olívia Simão, o programa visa fortalecer o movimento de incubadoras, preferencialmente de base tecnológica nos municípios amazonenses, via apoio técnico, econômico e financeiro de incubadoras já implantadas no Estado.
Simão explicou ainda que o Programa faz parte do Plano de Ação 2012/2013 da FAP e consiste em uma forma de alavancar negócios inovadores, tendo a estrutura ofertada pelas incubadoras como uma estratégia a mais para promover a inovação no Amazonas. “O fortalecimento das incubadoras existentes, de forma a torná-las autossustentáveis e o próprio processo de criação de novas incubadoras, tem sido pauta de discussão do governo e apontado como alternativa de extrema importância para o desenvolvimento da região”, frisou.
Leia esta e outras reportagem na íntegra na edição nº 25 da revista Amazonas Faz Ciência, clique aqui.
Vanessa Brito, especial para Amazonas Faz Ciência