Tecnologias sociais sustentáveis a serviço da sociedade


Chefe do Departamento de Engenharia de Produção da Ufam, Lavor atua há mais de 30 anos na docência e pesquisa sobre tecnologia e sustentabilidade. Foto: Isaac Guerreiro/Agência FAPEAM.

“O engenheiro é um decodificador social. Estudamos o conhecimento tecnológico para desenvolver soluções para a população. Não adianta falar em tecnologia social e não ter um produto que não melhore a vida da população”, conforme Roberto Lavor, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

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Chefe do Departamento de Engenharia de Produção da Ufam, Lavor atua há mais de 30 anos na docência e pesquisa sobre tecnologia e sustentabilidade. Durante a entrevista concedida à Agência FAPEAM, falou sobre as possibilidades de melhoria da qualidade de vida proporcionada pelas tecnologias sociais e não escondeu o seu encanto pela área de atuação.

Conforme Lavor, nunca quis ser pesquisador somente pelo fato de pesquisar, mas faz pesquisa com consciência social. A seguir, confira o bate-papo com o pesquisador, no qual falou sobre os recursos naturais, desperdícios e os benefícios da utilização dos mesmos, a economia de insumos e a eficiência energética.

Agência FAPEAM – O que lhe levou a estudar e desenvolver projetos sustentáveis?

Roberto Lavor – Gosto muito de monitorar os cenários. Nunca quis ser pesquisador somente pelo fato de pesquisar. Faço pesquisa com consciência social. Por exemplo, nunca me calou a ansiedade e a perspicácia de saber como um país desse, com grande riqueza natural, descarta seus recursos naturais.

O Brasil tem a maior bacia hidrográfica do mundo e uma costa de quase 8 mil quilômetros. O país tem luz natural o ano inteiro e a região Nordeste poderia aproveitar os ventos que sopram do oeste da África que chegam ao litoral. Entretanto, fazemos pouco uso inteligente das águas e quase nenhum uso do sol e do vento.

AF – Qual o papel das empresas na construção de uma sociedade melhor?

RL – As empresas são gestoras de recursos e, ao mesmo tempo, supridoras de necessidades. Elas podem criar condições para a sociedade caminhar na direção da sustentabilidade, conforme se mostram capazes de entregar um produto com custo ambiental cada vez menor, compensando sua pegada ecológica com criação de serviços ambientais.

AF – O senhor acredita que a tecnologia sustentável está mais acessível à população?

RL –  Claro. Hoje podemos ver casas no interior do Estado do Amazonas que possuem energia solar, que é uma alternativa para produção de energia, já que as distâncias entre comunidades e municípios são grandes.Algumas pessoas ainda acham caro e que irão necessitar de muito sol (no caso da energia solar) para carregar suas baterias e investir em tecnologia sustentável. Entretanto, o custo benefício vem ao longo do tempo.

O que muitas pessoas não sabem é que, por exemplo, a energia solar não necessita do sol propriamente dito e sim de luz. As estrelas são fonte de energia solar, pois produzem luz, então, mesmo à noite a energia será produzida, lógico que em menor escala.

A ciência tem que ser desenvolvida de forma acessível a todos, pois a tecnologia não é de quem desenvolve e sim da população que precisa dela.

AF – Qual a importância desses projetos para a população, principalmente do Amazonas?

RL –  Os projetos são importantes para melhorar a qualidade de vida da população. Alguns problemas são mais fáceis de resolver, outros são de extrema necessidade, como o acesso à água potável. Estamos implantando, por exemplo, em algumas comunidades um equipamento que se chama Eco’água.

O aparelho mostrou-se prático e barato para proteger a população contra bactérias e outros micro-organismos que afetam à saúde. O aparelho desinfeta a água por meio de radiação ultravioleta tipo C. Ele é capaz de tornar potável as águas sujas de rios e lagos, retirando não apenas os particulados, mas também os germes e evitando doenças.

Há muitos projetos sendo implantados no interior do Amazonas a partir das tecnologias sustáveis. A maioria dos projetos foi e está sendo desenvolvida com o aporte financeiro do governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), e instituições parceiras. Antes, vários projetos ficavam parados por falta de recursos. Hoje, isso não acontece porque tem a FAPEAM como aliada.

 

 

Adriana Pimentel – Agência FAPEAM