Pesquisa avalia presença de substâncias tóxicas nos igarapés de Manaus
15/05/2012 – Um projeto em andamento pelo Programa Ciência na Escola (PCE), financiado pelo Governo do Estado do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, está mobilizando os alunos do Centro Educacional Arthur Virgílio Filho (zona norte), no que diz respeito ao contato com a pesquisa científica e à conscientização ambiental. A pesquisa intitulada ‘Avaliação do risco ecológico aquático de igarapés da cidade de Manaus impactados pela ação antrópica por meio de ensaios ecotoxicológicos’ tem como coordenador, o professor de Química, Geverson Façanha da Silva.
A partir da proposta de usar bioindicadores, que são organismos que interagem com o meio ambiente, o igarapé da Bolívia, localizado perto da barreira rodoviária de Manaus (zona norte), foi analisado. Os resultados indicam que os bioindicadores, como o tambaqui, expostos a essas águas, sofrem com o aumento de anormalidade, o que pode favorecer o aparacimento de mutações.
“Também percebemos que houve um aumento expressivo na concentração de hemoglobina no sangue destes animais, indicando uma certa dificuldade nas trocas gasosas. O próximo passo é continuar as análises em outros igarapés da cidade e conseguir passagens e diárias para a participação dos alunos em eventos científicos”, disse Silva.
Ensaios de Toxicidade
Segundo Silva, testes ou ensaios de toxicidade são instrumentos da área de Ecotoxicologia, utilizados para a integração de dados biológicos, químicos e físico-químicos. Eles são importantes ferramentas nos estudos ambientais, devido às limitações existentes nos estudos baseados em evidências puramente químicas, das quais destacam-se: a elevada variedade de substâncias presentes em efluentes líquidos; baixa capacidade de detecção analítica; as interferências pelos fenômenos químicos de antagonismo e sinergismo que dificultam sobretudo no processo de interpretação de resultados.
Silva relata, que o projeto surgiu da necessidade de otimização dos processos de análises da qualidade de água de uma forma que fossem mais barata que os meios convencionais. “Os bioindicadores são usados para responder a uma determinada situação alterando seus parâmetros fisiológicos como respostas adaptativas, ou seja, se um organismo for exposto a um ambiente com águas poluídas, ele tentará de alguma forma se defender de tal situação e, consequentemente, sofrerá alterações físicas e biológicas ocasionadas por anormalidade nos núcleos das células sanguíneas, etc.”, explicou.
Conscientização ambiental
O projeto está sendo aplicado como forma de incentivar a conscientização ambiental. Nele, os alunos aprendem onde o lixo deve ser depositado para não prejudicar o meio ambiente. Para Silva, a pesquisa contribui de uma forma prática na formação dos alunos em sala de aula, pois eles aprendem a preparar soluções que englobam assuntos de Química do 2º ano, (visualização microscópica), de Biologia do 1º ano (análise de macromoléculas) e assuntos de Química do 3º ano.
“O projeto auxilia nas atividades laboratoriais onde existe uma enorme carência de prática. Essa prática nas escolas é essencial para uma formação mais significativa. Essa pesquisa começou inicialmente com 5 alunos, 1 apoio técnico e o professor coordenador”, afirmou Silva.
Silva ressalta ainda que é importante entender que nos igarapés existem seres vivos que podem sofrer danos (mutações). “Com o aumento da contaminação aquática e que, muitos igarapés hoje considerados poluídos já foram balneários famosos da cidade, como por exemplo, o famoso igarapé da Bolívia. Mesmo sendo considerado poluído, muitas pessoas ainda tomam banho ou pescam nesses ambientes e não sabem o risco que correm com tal atitude”, finalizou.
Sobre o PCE
Esse programa consiste em apoiar, com recursos financeiros e bolsas, sob formas de cotas institucionais, estudantes dos ensinos Fundamental e Médio integrados no desenvolvimento de projetos de pesquisas de escolas públicas. Como uma das ações do Governo do Estado ele conta com apoio das secretarias estaduais e municipais de ensino (Seduc e Semed).
Redação: Nefa Costa
Edição Ulysses Varela – Agência FAPEAM