Distribuição de espécies de origem marinha presentes na bacia Amazônica é estudada
17/04/2012 – A bacia Amazônica apresenta um volume extraordinariamente alto de espécies derivadas de ambientes marinhos, como mamíferos aquáticos, peixes, crustáceos, moluscos e esponjas. Volume esse maior que o encontrado em outras grandes bacias hidrográficas tropicais, como por exemplo, a Bacia do Congo localizada na África Central, que embora menor, apresenta uma proporção similar de espécies de origem marinha.
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A conclusão vem do estudo ‘Padrões de Distribuição da Biota Aquática de Origem Marinha na Bacia Amazônica: Uma abordagem Panbiogeográfica’, que está analisando os padrões de distribuição geográfica dos grupos de origem marinha da Região Amazônica e que está sendo desenvolvida pelo doutor em Ciências Biológicas, Mauro José Cavalcanti.
A pesquisa está sendo realizada com apoio do Governo do Estado do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR).
Padrões de distribuição dos grupos de origem marinha
De acordo com Cavalcanti, a distribuição dos grupos de origem marinha é encontrada na literatura de coleções biológicas dos principais institutos de pesquisa brasileiros que possuem registros da região Amazônica, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ), Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) e nas informações disponíveis em grandes bases de dados sobre biodiversidade na internet (FishBase, FishNet, GBIF, NEODAT, MaNIS). “Exemplos bastante conhecidos dessa biota são as arraias de água doce (peixes cartilaginosos) e os botos (mamíferos aquáticos). Todavia, o estudo dos padrões de distribuição desses representantes marinhos tem sido muito negligenciado e essa lacuna no conhecimento forneceu o estímulo inicial para o desenvolvimento desse trabalho”, afirmou Mauro Cavalcanti.
Todos os dados obtidos até agora pelo projeto estão sendo integrados em um banco de dados, que será disponibilizado para consulta online, constituindo um ‘atlas biogeográfico’ para a apresentação e estudos adicionais dos padrões de distribuição dessa biota.
Compilação de dados e resultados
O projeto já compilou dados para 117 espécies da biota aquática de origem marinha, compreendendo 39 espécies de invertebrados entre esponjas, moluscos e crustáceos e 78 espécies de vertebrados, entre peixes e mamíferos marinhos.
De acordo com Cavalcanti, alguns desses grupos possuem registros de ocorrência bastante extensos Como as corvinas e pescadas de água doce (família Sciaenidae), no qual há mais de 1.000 registros de ocorrência disponíveis.
Os primeiros resultados do projeto, que correspondem à análise biogeográfica dos padrões de distribuição das arraias de água doce da família Potamotrygonidae, foram apresentados no último mês de março no 29º Congresso Brasileiro de Zoologia, realizado em Salvador (BA).
Ainda de acordo com o pesquisador, como o estudo é baseado em métodos quantitativos dos padrões de distribuição de biotas, ele se torna fundamental para a compreensão dos processos responsáveis pela evolução desses grupos. “A análise destes padrões permite identificar áreas que apresentam, além da alta riqueza de espécies, importância histórica, por serem fundamentais na evolução e estruturação dos padrões atuais de distribuição das biotas”, avaliou.
No caso específico da Bacia Amazônica, tal estudo possibilita compreender com mais clareza as profundas transformações geológicas e morfológicas que promoveram a formação da atual bacia, o que demonstra, por exemplo, a enorme influência do mar sobre uma região que hoje se encontra no centro do continente sul-americano.
A pesquisa em andamento indica que a biota aquática de origem marinha da Amazônia mostra que sua composição foi influenciada tanto pelo Oceano Pacífico quanto pelo Oceano Atlântico. “Podemos dizer que o Amazonas é, efetivamente, um ‘rio-mar’ mais do que apenas no sentido figurado”, finalizou Cavalcanti.
Sobre o DCR
Esse programa da FAPEAM consiste em apoiar, com bolsas, passagens e auxílio, doutores titulados em outros Estados e no Amazonas interessados em desenvolver pesquisas em instituições localizadas no Amazonas.
Redação: Nefa Costa
Edição: Jesua Maia – Agência FAPEAM