Amazonas ganha núcleo de referência em pesquisas de Análise Química e Estrutural


13/04/2012 – O Amazonas acaba de ganhar um espaço com tecnologia de ponta destinado a pesquisas nas áreas de saúde, meio ambiente e biodiversidade. Trata-se do Núcleo de Apoio Instrumental de Análise Química e Estrutural (NAI) Marlene Freitas da Silva, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que contou com recursos da ordem de R$ 499,17 mil do Governo do Estado do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Infraestrutura para o Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia do Amazonas (PInfra).

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O NAI, inaugurado nesta quinta-feira, 12 de abril, foi criado também com recursos de diferentes projetos vinculados ao curso de Mestrado em Biotecnologia e Recursos Naturais, da UEA, tais como o projeto Pró-equipamentos, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O Núcleo integra a estrutura do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Centro de Energia, Ambiente e Biodiversidade (Ceab), também financiado pela FAPEAM. em parceria com o CNPq. Como forma de homenagem, o núcleo recebeu o nome da professora e pesquisadora da UEA e do Inpa na área de Botânica, Marlene Freitas da Silva. Ela coordenou o curso de Mestrado em Biotecnologia e Recursos Naturais da UEA, de 2003 a 2005, quando faleceu aos 68 anos de idade, após quase 50 anos de exercício profissional.

Presente no evento de inauguração, a diretora-presidenta da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), Maria Olívia Simão, em seu pronunciamento, lembrou a homenageada dos encontros formais e informais quando era estudante de pós-graduação no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em que teve a oportunidade de conhecer uma pessoa dinâmica e disciplinada naquilo que mais gostava de fazer: a Ciência.

“Este Núcleo reflete o que mais queremos: espaços multiusuários possibilitando condições para o desenvolvimento de pesquisas e a oferta de serviços complexos à sociedade e às empresas em diversas áreas relacionadas à saúde, meio ambiente e biodiversidade, alinhado à política de valorização que o Governo do Amazonas, por meio do sistema estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), vem implementando no setor”, disse a diretora-presidenta da FAPEAM.

Segundo ela, além de impulsionar o desenvolvimento de pesquisas de ponta dentro do Estado, o NAI propiciará a formação de recursos humanos qualificados para atuar no sistema público e privado nas áreas de educação, pesquisa e setor produtivo.

Na avaliação do reitor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), José Aldemir de Oliveira, o NAI marca um novo ciclo para a pesquisa no âmbito estadual. “O Núcleo, considerado um centro multifuncional, agrega diferentes laboratórios e representa o início de uma série de inaugurações de laboratórios durante todo esse percurso, possibilitando além do atendimento às pesquisas científicas, o oferecimento de serviços para a sociedade. Para tanto, é necessário realizar a capacitação de RH, criando condições para que o Núcleo possa servir a diferentes instituições do nosso Estado”, salientou.

Prestação de serviços à indústria 

O Núcleo de Apoio Instrumental de Análise Química e Estrutural é um espaço multiusuário e multifuncional destinado à realização de análises químicas de materiais, substâncias e desenvolvimento de metodologias analíticas. Os estudos serão direcionados ao ensino e à pesquisa na UEA em nível de graduação e pós-graduação.

Para se ter uma ideia, a UEA por meio do Núcleo poderá estar diretamente sendo beneficiada com a demanda por análises químicas das empresas do Polo Industrial da Zona Franca de Manaus, e do grande número de pequenas e médias empresas que utilizam produtos naturais como matéria-prima na Região Norte. Dessa forma, o NAI se revela como um grande potencial para prestar serviços.

Para o reitor José Aldemir, o apoio obtido para a criação do NAI pela FAPEAM é indispensável e estruturante. Segundo ele, a partir dessa iniciativa, foram alavancados processos de busca para outros financiamentos, no que diz respeito a bolsas e ao apoio de projetos de pesquisa, dentre outros, visto que sem esse aporte financeiro, não existiria a possibilidade da inauguração desse centro de pesquisa.

Abrangência do NAI

O NAI, implantado especificamente para dar o suporte técnico analítico aos pesquisadores terá uma abrangência em diversas áreas do conhecimento. Segundo a pesquisadora do NAI, Sandra Zanotto, o Núcleo pode atender profissionais de diversas áreas, como a de biotecnologia, da saúde e de biodiversidade. “A instituição estava carente de instrumentação analítica para os projetos de pesquisa, o que fazia com que os estudantes utilizassem equipamentos de outras instituições, tais como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o Centro Biotecnológico da Amazônia (CBA) e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

“A partir da estrutura oferecida pelo Núcleo, ficará mais fácil realizar as pesquisas, evitando o deslocamento de estudantes para outras Instituições de Ensino”, frisou a mestranda do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Recursos Naturais, Daniely Raquel Silva dos Santos.

Investimentos propiciaram infraestrutura

Por meio do projeto “Infraestrutura para Consolidação do Curso de Pós-Graduação em Biotecnologia e Recursos Naturais da UEA”, financiado pelo PInfra da FAPEAM, foram adquiridos equipamentos de alta tecnologia, tais como o aparelho de “Cromatografia Gasosa de Alta Resolução”, “Espectrometria de Massas” e “Cromatrografia líquida de alta eficiência”, aplicados às análises de matrizes ambientais e biológicas, fármacos, estratos vegetais, contaminantes, etc.

A FAPEAM ainda participa no NAI com aporte financeiro a projetos de pesquisa em desenvolvimento que utilizam diretamente os serviços do Núcleo, como o projeto “Utilização de micro-organismos da Amazônia na biorredução enantiosseletiva de cetonas”, da pesquisadorea Hiléia Barroso, que contou com recursos de R$ 30 mil via Programa de Desenvolvimento Científico Regional – DCR.

Outro projeto é o intitulado “Obtenção de micro-organismos da Amazônia produtores de metabólitos de importância econômica e ecológica”, coordenado pelos pesquisadores Luiz Oliveira e Sandra Zanotto, com valor de R$ 75 mil, via Edital Ação Transversal – Biotec/Bionorte. Há ainda o projeto “Potencial de Bactérias dos rios Negro, Solimões e Madeira na Produção de Biopolímeros”, de Aldo Rodrigues Procópio, por meio do Programa DCR, com aporte de R$ 30 mil.

Além desses, há outros projetos que são realizados por meio de outras agências de formento, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Sobre Marlene Freitas da Silva

A pesquisadora homenageada Marlene Freitas da Silva também foi fundadora do Departamento de Botânica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, onde atuou como pesquisadora. Em sua tese de doutorado em Ciências Biológicas, em 1980, explorou a taxonomia (ciência que estuda a classificação dos organismos vivos) do gênero Dimorphandra (Leg. Caesalpinioideae), cujos principais resultados foram divulgados na Flora Neotrópica, de 1986, revista do Jardim Botânico de Nova Iorque, em uma das raras edições da revista em língua portuguesa.

Em 1989, a pesquisadora publicou um chek-list de leguminosas da Amazônia agrupando 1.241 espécies distribuídas em 148 gêneros. Marlene concluiu 72 trabalhos acadêmicos e orientou 12 dissertações de mestrado e quatro teses de doutorado.

Sebastião Alves – Agência FAPEAM

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