Cultura indígena será apresentada no Planetário da Gávea no Rio de Janeiro


10/04/2012 – A cultura indígena por meio da astronomia e a maneira como os povos indígenas da Amazônia usavam o céu e as constelações para regular a vida na terra serão uma das atrações durante a abertura da 6ª Olimpíada de Astronomia e Astrofísica, que será realizada na cidade do Rio de Janeiro, no Planetário da Gávea.

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/O evento será realizado pela primeira vez no Brasil e deve contar com a participação de representantes de 35 países entre os dias 4 e 14 de agosto de 2011. Segundo representantes do Amazonas, a ideia é mostrar como a cultura indígena utilizava as constelações para prever eventos meteorológicos que aconteciam na Terra ao longo do ano, como períodos de enchentes, de calor ou de frio.

De acordo com o pajé da tribo Dessana, Kissibi Comum, por meio desses eventos era possível associar a época de plantio, de colheita, entre outras ações, tudo a partir da observação das estrelas. Ele informa que assim como nós possuímos um calendário para cada período do ano o mesmo acontecia com a cultura indígena, com a diferença de terem como fonte as estrelas.

“Cada constelação possui um nome, é feita uma marcação de onde sai a primeira estrela e, a partir daí, esperamos o sinal, para identificar a época e períodos de plantação”, explicou.

Atualmente, conforme o pajé, o calendário não é mais utilizado, por conta da dificuldade de saber quando vai fazer sol ou chuva, devido às mudanças climáticas. Ele ressalta que tudo está em constante transformação, tanto na cultura moderna quanto na indígena. Ainda segundo ele, a intervenção do homem contribuiu para destruir grande parte natureza, sendo que uma das tradições trazidas por esses povos é a de preservar o meio ambiente.

O pesquisador do Museu da Amazônia (Musa) e também coordenador cultural do evento, Germano Bruno Afonso, relata que assim como os indígenas muitas civilizações mais antigas e até extintas, também previam os acontecimentos por meio das constelações.

/“Na abertura oficial vamos entrar no Planetário da Gávea, que é o maior planetário do Brasil, e vamos mostrar as constelações indígenas, como eles usavam o céu para conhecer os acontecimentos aqui na terra, sob o ponto de vista de várias etnias”, informou Afonso.

O pesquisador disse ainda que, além de mostrar o modo de vida indígena por meio do céu também pretende apresentar no dia do evento as danças e rituais, com a possível apresentação de alguma etnia.

“É um evento muito grandioso de ciência realizado no Brasil, a minha parte é divulgar temas relacionados à astronomia e cultura indígena”, destacou o pesquisador.

A importância da divulgação

Para o pajé, divulgar o calendário indígena num evento de tanta grandeza é de extrema importância, pois apesar de seus ancestrais não saberem ler e muito menos escrever, eles desenvolveram uma forma de aprender e entender as estrelas, fazendo uma leitura sobre o que estava por vir.

“Sobre essa técnica o que mais chama a atenção é a forma de como estes povos conseguiram guardar por centenas de anos essas informações e ensinamentos, por meio de uma espécie de mapa dentro da memória, pois naquela época não existia papel, lápis e nem gravador. Eles guardaram tudo numa espécie de mapa apenas em suas mentes”, ressaltou.

Apoio da FAPEAM

O pesquisador Germano Afonso é bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, por meio do Programa de Desenvolvimento Cientifico Regional (DCR), que visa apoiar com bolsas, passagens e auxílio, doutores titulados em outros Estados e no Amazonas interessados em desenvolver pesquisas em instituições localizadas no Estado.

“A FAPEAM sempre me apoiou. Se não fosse a instituição, hoje não poderíamos estar gravando esse depoimento e os rituais que serão mostrados a vários países do mundo no planetário. Então, é graças a ela que podemos dar andamento a nossa pesquisa e divulgar o Amazonas no mundo inteiro”, finalizou.

Saiba mais sobre a Olimpíada de Astronomia e Astrofísica, clique aqui.

Redação: Esterffany Martins

Edição: Ulysses Varela – Agência FAPEAM

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