Produtores de castanha são capacitados no Amazonas
09/03/2012 – Os produtores de castanha da Reserva Extrativista do Rio Ituxi, no Amazonas, vão participar de um mapeamento realizado pelo Núcleo de Gestão Integrada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (NGI-ICMBio), de Lábrea (AM). O trabalho vai subsidiar o manejo da castanha pela comunidade, e seguirá durante os meses de março, abril e maio.
A atividade chegou a ser iniciada no ano passado, sendo interrompida por conta da cheia dos rios, devido ao difícil acesso a algumas áreas que serão inventariadas. “No trabalho atual será possível visitar importantes áreas de produção de castanha, que não pudemos visitar anteriormente como o Rio Curequetê, o alto Siriquiqui, o igarapé dos Perdidos e o Vamos Ver”, disse Valdeson Vilaça, técnico do Instituto de Desenvolvimento do Amazonas (Idam).
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O mapeamento, que tem o apoio do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB) e da Associação de Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus do Rio Ituxi (Apadrit), será realizado por meio de entrevistas com os castanheiros e visitas aos piques de castanha utilizados por eles. Além dos dados pessoais dos extrativistas, serão levantadas informações quanto às coordenadas geográficas, situação de uso dos castanhais (em uso ou abandonados), número de castanheiras e potencial produtivo estimado.
O levantamento servirá também para a mediação de conflitos existentes na área da Unidade de Conservação (UC). “Estamos sendo diariamente requisitados para mediar conflitos entre castanheiros que residem na unidade de conservação e aqueles que se mudaram para a cidade e mantiveram as suas áreas de coleta de castanha. Os dados do levantamento serão indispensáveis para estabelecer acordos”, afirma Leonardo Pacheco, gestor da Resex do Rio Ituxi.
Produção
Com a safra da castanha, os moradores da Reserva Extrativista Ituxi vêm se dedicando à coleta da amêndoa, um dos principais produtos da unidade conservadora. O trabalho envolve uma complexa operação. A maioria dos castanheiros chega a navegar até 12 dias para alcançar os castanhais localizados nas cabeceiras dos três principais rios da reserva: Siriquiqui, Punici e Curequetê. Lá permanecem durante os quatro primeiros meses do ano.
“Algumas comunidades ficam totalmente desertas durante essa época. Todas as famílias se deslocam para o alto dos rios”, explica Silvério Pessoa, tesoureiro da Associação de Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus do Rio Ituxi e morador da comunidade Floresta.
Capacitação
Os castanheiros vêm recebendo capacitação em boas práticas de manuseio desde a última safra. A estimativa é que cerca de 150 extrativistas já tenham sido capacitados. “É preciso agora fazer um monitoramento para entender os principais desafios da adoção das práticas pelos castanheiros”, afirma Francisco Monteiro Duarte, vice-presidente da Apadrit.
As boas práticas evitam a contaminação e proliferação de fungos produtores de aflatoxinas (substância cancerígena encontrada em sementes em geral). Atualmente, uma barreira fitossanitária estabelecida pelos países da Comunidade Europeia impede a entrada de sementes com alto teor da substância, o que reflete diretamente no preço pago aos produtores pela castanha.
Fonte: Acrítica