Estudo da Fiocruz Amazônia permitirá diagnóstico imediato da dengue


Pesquisadores do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) estão desenvolvendo um estudo para beneficiar o Sistema Único de Saúde (SUS) de um método para diagnóstico imediato da dengue. O objetivo é permitir a identificação da dengue em até uma hora após a obtenção do material genético do paciente. Atualmente, a doença só pode ser confirmada de sete a 12 dias após a transmissão pelo mosquito Aedes aegypti e depois do aparecimento dos sintomas.

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De acordo com o coordenador do estudo e vice-diretor de Pesquisa da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca, o reconhecimento imediato da dengue fará com que o tratamento passa a ser mais adequado. “A vantagem é identificar mais rápido e, assim, saber tratar a especificidade da dengue. Tem muitas doenças que apresentam sintomas parecidos, então se identificarmos desde o início da infecção o médico terá a certeza que é dengue”, disse Naveca.

A pesquisa iniciou em 2013 no âmbito do Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (SUS): gestão compartilhada em Saúde (PPSUS/Rede), com aporte financeiro do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde e do governo do Estado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

 Os trabalhos iniciaram com a bolsista de iniciação científica, Dana Cristina Monteiro, e atualmente são realizados pelo graduando em Ciências Biológicas no Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Amazonas (Ifam), Arlesson Silva. Segundo Naveca, o estudo tem previsão de término em 2016 com a apresentação dos resultados ao Ministério da Saúde (MS) podendo chegar à Rede Básica de Saúde.

 Arlesson Silva explicou que o objetivo do estudo é modificar a forma de reconhecimento da dengue a partir do exame de detecção molecular. “O diagnóstico molecular, pela metodologia de LAMP (Loop-mediated Isothermal Amplification), é uma técnica que, basicamente, só necessita manter a reação em uma única temperatura de 65ºC. Essa metodologia apresenta alta sensibilidade, especificidade e resultado rápido”, disse Silva.

 Os exames de sangue mais comuns para detecção da dengue são pelo método de IgM, que detecta a doença a partir de sete dias, e o isolamento viral, que leva de 10 a 12 dias para identificar o vírus.

 Metodologia

 O graduando informou que na primeira parte do projeto foram testados contra os quatro sorotipos que o vírus apresenta, demonstrando a eficácia do exame molecular como uma ferramenta que pode ser utilizada para análise e diagnóstico da dengue. “A próxima fase do estudo será a aplicação do teste de colorimetria, com a qual é possível identificar a reação positiva a ‘olho nu’”, disse Silva.

 Segundo os pesquisadores, outra vantagem do diagnóstico da dengue por este tipo de exame molecular é que, por ele ser um teste acessível, poderá ser utilizado na rede básica de saúde. “Atualmente, as técnicas de detecção da dengue exigem equipamentos caros, como termocicladores, máquinas de tempo real e entre outros”, disse Silva.

Número de casos 

De acordo com dados do Ministério da Saúde, até o dia 9 de maio deste ano foram registrados 845,9 mil casos. Em comparação com 2014, o número representa um aumento de 155,5% e uma redução de 30% comparado com 2013 no mesmo período. No mesmo período, o MS notificou 290 óbitos e 505 casos graves no mesmo período de 2015.

No Amazonas, a incidência de dengue diminuiu 40,662% comparado com os quatro primeiros meses de 2014, quando ocorreram 4.356 casos. Ainda de acordo com o MS, o Amazonas registrou cinco casos de dengue com quadro alarmante, mas, até abril, não tinha sido registrada nenhuma morte. Em 2014, foram três casos graves da doença, cinco com sinais alarmante e uma morte.

A região que mais apresentou incidência de casos foi a Centro-Oeste, com 99.403 casos; seguida pelas regiões Sudeste, com 551.657; Nordeste, com 124.376; Sul, com 47.554; e Norte, com 23.007.

Treze Estados apresentaram redução dos casos na comparação da transmissão de março para abril, segundo a MS. As maiores reduções foram no Amapá (79,3%), que teve 682 casos em março e caiu para 141, em abril; São Paulo, que reduziu a transmissão em 51,3%, de 192,2 mil casos, em março, para 93,7 mil, em abril; e Maranhão (47,2%), com queda de 2,2 mil para 1,2 mil.

Fonte: ILMD/Fiocruz Amazônia, porCamila C. de Carvalho

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