Investimentos e parcerias marcam ações para combater doenças tropicais


13/02/2011Com graduação em Medicina pela Universidade do Amazonas (1973), mestrado em Medicina Tropical pela Universidade de Brasília (1980) e doutorado em Medicina Tropical pela Universidade de Brasília (1999), a doutora Maria das Graças Costa Alecrim é, atualmente, diretora-presidente da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD). Em 1999, ela coordenou o Simpósio Satélite sobre Malária OPS/OMS. A experiência na área de Medicina, com ênfase em Doenças Infecciosas e Parasitárias, a torna uma especialista na área de  Epidemiologia e Controle da Malária, com destaque para pesquisas sobre Biologia Molecular do Plasmódio, diagnóstico, plasmodium vivax e falciparum, e agentes causadores de doenças. Esta experiência a fez tornar-se Membro do Comitê Técnico para Tratamento de Malária da Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesta entrevista para a Agência FAPEAM ela fala um pouco sobre o seu trabalho à frente da Fundação e projetos futuros e em desenvolvimento.

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Agência FAPEAM – Como a senhora avalia o cenário de Pesquisa no Estado do Amazonas?

Graça Alecrim – Todo o cenário do ensino e da pesquisa é de extrema importância. Se nós tivermos apenas o ensino sem a pesquisa nós não evoluímos em tecnologia, então o ensino tem que estar atrelado à pesquisa. A pesquisa não é só para os cursos de mestrado e doutorado nós temos a iniciação científica, por meio da qual vamos detectar estudantes de várias áreas da saúde com  potencial para serem pesquisadores, por isso não podemos dissociar o ensino da pesquisa. Neste sentido, hoje o Estado do Amazonas investe neste potencial, por meio da FAPEAM, o que nos ajuda bastante a trabalharmos melhor. O nosso Estado precisa aumentar o número de mestres e doutores e essa parceria com a FAPEAM é muito boa.

AF – Quais as perspectivas e metas que a FMT/HVD possui na área da pesquisa?

GA – A Fundação de Medicina Tropical tem uma tradição. Nós trabalhos aqui com assistência, ensino e pesquisa e eu digo que as três ações formam um tripé, uma ação é ligada à outra. Na área de pesquisa, estamos com vários projetos a serem desenvolvidos, inclusive projetos novos, recém-aprovados e alguns que já estão em andamento.

src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/BAIXA_GRACA_ALECRIM_001.jpgAF – Fale sobre estes projetos e sobre os parceiros para o desenvolvimento deles.

GA – Temos projetos na área de malária, autossustentáveis e fomentados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Fundação Bill e Melinda Gates, União Europeia e Fundo Global, para os ensaios clínicos contamos com os laboratórios, além dos parceiros nacionais como FAPEAM, CNPq e Finep e o Governo do Estado, que fomenta algumas pesquisas. Esse apoio é fundamental, pois além de termos o fomento por parte dos parceiros, algumas pesquisas são financiadas com verbas da própria Fundação. Hoje nós somos a única Fundação que possui um quadro de pesquisadores estatutários para fazer pesquisa na própria instituição. Muitas instituições não têm em seu quadro pesquisadores, essas instituições trazem pesquisadores de fora para desenvolver seus estudos.

AF – Como está hoje a parceria entre a Fundação de Medicina Tropical e a FAPEAM?

GA – A FAPEAM é uma grande parceira, pois financia nossos projetos de pesquisa e as bolsas de mestrado e doutorado do curso de pós-graduação oferecido pela FMT e UEA. É importante ressaltar que esse curso tem a parceria da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). A FAPEAM também financia 100% dos nossos projetos de iniciação científica com recursos específicos, participando positivamente na formação de recursos humanos. 

AF – Quantos mestres e doutores já foram formados pela FMT/HVD?

GA – Já formamos em torno de 80 mestres que saíram da instituição por meio do convênio entre a UEA e a FMT/HVD, que é um programa hibrido por parte das duas instituições. Toda a parte operacional funciona aqui e na UEA e todas as bolsas são financiadas pela FAPEAM. Aqui, estamos com dez doutores formados por meio desse programa. Nós ainda não temos aqui no Estado do Amazonas pesquisadores formados em todas as áreas, então nós estamos formando pesquisadores de outros Estados que vêm para conduzir e nos dar esse suporte.

AF – Como a senhora avalia a fixação desses recursos humanos no Estado?

GA – Hoje nós temos metade das pessoas residentes aqui oriundas de outros Estados e que não possuem o curso e isso vai ajudar na fixação deles aqui no Estado. O doutorado é um curso muito longo e, como o Amazonas oferece várias oportunidades de emprego, eles acabam se fixando aqui. O programa de fixação de doutores é uma prioridade da instituição. Outro objetivo nosso, é o mestrado profissionalizante para os nossos residentes de doenças infectocontagiosas. A formação do médico é muito longa. Ele faz seis anos de faculdade, três anos de residência médica depois ele tem que entrar no mestrado e depois ingressar no doutorado. Nosso foco é que quando ele saia da residência com mais um ano ou seis meses cursando uma disciplina ele já tenha o mestrado e entre mais rápido no doutorado, isso vai nos ajudar na formação dos médicos.

AF – A FAPEAM tem editais específicos para pesquisas endêmicas como malária e dengue. Como a FMT/HVD está inserida nesse contexto?

GA – Temos projetos em todos os programas da área de saúde da FAPEAM, inclusive o da Rede Malária, no qual nós coordenamos a rede em nível nacional. É uma experiência interessante.

AF – Qual o posicionamento da Fundação de Medicina Tropical em relação a outros centros especializados do Norte?

GA – Com o Norte nós temos parceria na área do Rede Malária. O programa de pós-graduação da FMT/AM tem formado 10% de nossos alunos de mestrado e doutorado que vêm do Acre, do Pará e de Roraima. A Fundação já virou referência e contribui para a formação de estudantes de outros Estados. Nós somos um centro de referência no Brasil para estudos de doenças tropicais incluindo a dengue e a malária.

AF – Como a senhora avalia as mudanças ocorridas no perfil da Fundação, agregando além dos serviços, a pesquisa e o ensino?

GA – Essa instituição quando ainda era um embrião sempre trabalhou com pesquisas. É evidente que a pesquisa foi se fortalecendo à medida que o tempo foi passando, pois há 40 anos não havia muitos recursos, quando eu me formei, até a residência, eu tive que fazer fora de Manaus. Fomos nos qualificando em outros Estados do Brasil, retornamos para cá com residência, mestrado e doutorado. Então a nossa primeira criação referente a cursos aqui foi a de residência médica, há mais de 30 anos, aliás foi a segunda residência aqui no Estado. Consolidamos grupos de pesquisas, um dos principais é o grupo de malária. Criamos dentro do nosso quadro a carreira de pesquisador e, em 2002, abrimos o curso de mestrado e depois em 2005, o de doutorado. A Fundação sempre teve a tradição de pesquisa e ela se diferencia das outras instituições porque todas tinham um apoio e nós contamos com o apoio de órgãos federais. Hoje nós temos três faculdades de Medicina, antigamente nós só tínhamos a Ufam e sempre as aulas de doenças infecciosas e parasitarias foram ministradas dentro da nossa instituição. Hoje, as três faculdades, Ufam, UEA e Uninilton Lins, realizam projetos sobre doenças parasitárias, o que aumenta a nossa credibilidade.

Rosilene Corrêa  – Agência FAPEAM

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