Interdisciplinaridade é um caminho natural para a pesquisa, diz José Onuchic


José Onuchic é reconhecido internacionalmente pela hipótese do funil de enovelamento, conceito que ajuda a explicar o rearranjo tridimensional dos aminoácidos que definem as funções das proteínas no organismo.  Físico, com doutorado em química, o cientista brasileiro é professor da Rice University, EUA, e esteve em Foz do Iguaçu na última quinta-feira, 27, para apresentar uma palestra sobre aplicação da física teórica para análise de conceitos complexos da biologia, durante o 44º Encontro Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq) e 23º Congresso da União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular (IUBMB). Na ocasião, ele falou também sobre o papel da interdisciplinaridade na pesquisa e destacou que a tendência é que a área cresça no Brasil.

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Segundo Onuchic, os estudos interdisciplinares se tornam necessários à medida que a quantidade de informações exige compreensões mais abrangentes. “No passado, você descrevia uma proteína e um reagente, se liga, se não liga, e terminou. Hoje em dia os sistemas estão mais complexos. Se eu tenho uma quantidade enorme de dados, é preciso saber como retirar informação deles”, comenta.

O conceito dos funis de enovelamento que Onuchic propôs explica que a proteína se enovela ao seu estado nativo por várias direções e caminhos intermediários, não sendo restrita a um único mecanismo. As proteínas, formadas por cadeias de aminoácidos e codificadas pelo DNA, tornam-se funcionais quando chegam a uma estrutura tridimensional estável – processo que se chama enovelamento. A partir de cálculos de simulação computadorizada, somados a observações de experimentos feitos em laboratório, o pesquisador busca descobrir o que faz uma sequência ser capaz de se enovelar e chegar a sua forma funcional.

Com as equações físicas somadas às observações experimentais, ele concluiu que esse caminho se traça por uma superfície de energia – “energy landscape”-, que tem a forma afunilada por onde todos os estágios intermediários do processo de enovelamento passam para chegar à estrutura nativa, a mais estável da energia da proteína.

A teoria de Onuchic possibilitou uma melhor compreensão dos mecanismos envolvidos nesse processo e nas funções das proteínas – uma ação extremamente complexa, que acontece em uma fração de segundos, mas que permanece um mistério há décadas. “É um assunto que vem me entusiasmando pelos últimos 20 anos”, diz.

As pesquisas com esses mecanismos podem levar a uma melhor compreensão sobre doenças como Alzheimer e Parkinson e, possivelmente, à descoberta de tratamentos mais eficientes.

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Fonte: Jornal da Ciência, por Daniela Klebis

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