Comportamentos de jabutis em áreas alagadas é foco de estudo
Uma das únicas espécies terrestres entre os quelônios brasileiros, o jabuti-amarelo também habita áreas que permanecem totalmente alagadas quase a metade do ano. Esse é um comportamento inédito da espécie, divulgado em artigo publicado na Oryx, revista científica internacional sobre conservação da biodiversidade e uso sustentável dos recursos naturais.
O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores do Instituto Mamirauá, Thaís Morcatty e João Valsecchi, entre 2013 e 2015, nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, no Amazonas.
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“Em nossa pesquisa encontramos a presença inesperada do ameaçado jabuti-amarelo em florestas inundadas da Amazônia brasileira. Realizamos pesquisas na região da confluência de dois grandes rios, Japurá e Solimões, totalizando uma área de mais de 7.000 km² de florestas inundadas sem conexão com a terra seca”, afirmou Morcatty.
As florestas alagáveis, chamadas de várzea, ocupam uma área de 400 mil km² na Amazônia, extensão equivalente ao território da Alemanha. A pesquisadora afirma que a descoberta, nunca registrada anteriormente, foi importante por demonstrar que os animais se adaptam bem a essa realidade, buscando alternativas para alimentação e para abrigos, além de conseguirem se deslocar satisfatoriamente a nado por longos trechos.
“Não era esperada a ocorrência dessa espécie na várzea. É muito tempo para um animal considerado estritamente terrestre viver num ambiente alagado. Nós capturamos muitos indivíduos da espécie nessa região, o que nos leva a acreditar que a quantidade de jabutis na várzea pode ser superior à quantidade em terra firme”, destacou a pesquisadora.
Segundo Morcatty, foi realizada busca ativa em ambientes de terra firme e várzea. Na várzea, durante a época da cheia, a equipe percorria a floresta alagada de canoa e os animais foram encontrados flutuando, nadando ou em cima de galhos. “Alguns animais foram encontrados no pico da cheia, período com uma profundidade de água mínima de 2 metros. Eles estavam abrigados sob galhos e troncos ou, simplesmente, flutuando no meio da floresta inundada”, finalizou a pesquisadora.
FONTE: Instituto Mamirauá
Fotos: Aline Fidelix / Divulgação