Estudo pretende produzir biossurfactantes a partir de resíduos de gordura


O produto possui elevada biodegradabilidade, baixa toxicidade, maior taxa de redução de tensão superficial

Estudo produzirá biossurfactantes a partir de gordura

Um estudo desenvolvido com apoio do governo do Estado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) pela pesquisadora Talita Nazareth pretende dar uma nova alternativa para setores industriais, petrolífero, alimentício e farmacêutico que utilizam os surfactantes (compostos químicos utilizados em diversos setores industriais). Com a pesquisa, ela pretende produzir um biossurfactante a partir de microrganismos e trabalhar o aproveitamento de substratos provenientes de resíduos gordurosos (biomassa residual oleosa), com potencial produtivo.

Os biossurfactantes são compostos de origem microbiana que possuem atividade superficial, ou seja, têm a capacidade de reduzir a tensão superficial (fases líquido-gás) ou a tensão interfacial (fase líquido-líquido). A pesquisa, ainda em fase inicial, está sendo realizada na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no Laboratório de Transferência de Massa do Departamento de Engenharia Química.

Segundo a pesquisadora, os surfactantes tradicionais são derivados de processos químicos e apresentam baixa biodegradabilidade e alta toxicidade.  Com o novo produto a ideia é reduzir esses índices e oferecer um produto sustentável ao mercado.

“Nossa pesquisa pretende contribuir com o avanço e desenvolvimento de tecnologias de produção de biossurfactante visto que este composto possui alto valor agregado e apresenta diversas aplicações industriais. Iremos utilizar também resíduo gorduroso como fonte de carbono no processo produtivo, tornando assim a produção do biossurfactante viável economicamente, além de dar um destino correto para o resíduo, evitando custos de tratamento do mesmo e favorecendo a preservação do meio ambiente”, explicou a doutoranda em Engenharia Química.

Estudo produzirá biossurfactantes a partir de gordura

Os surfactantes tradicionais são derivados de processos químicos e apresentam baixa biodegradabilidade e alta toxicidade. (Foto: Érico Xavier/Agência Fapeam)

De acordo com a pesquisadora, uma das dificuldades da comercialização dos biossurfactantes, atualmente, é devido ao alto custo de produção, principalmente, no que se refere à utilização de substratos (fonte de matéria orgânica necessária para a sobrevivência dos microrganismos) e aos processos de purificação.

Segundo Talita Nazareth, como o substrato utilizado no processo produtivo do biossurfactante representa 50 % do valor do produto final, o aproveitamento de resíduos como fonte de matéria orgânica passa a ser uma alternativa atrativa, pois é possível combinar tratamento e adequação de resíduo e produzir composto de alto valor agregado.

“A produção de biossurfactantes encontra-se inviável economicamente devido ao elevado custo de processo produtivo. Portanto, a utilização de substratos provenientes de resíduos torna-se uma alternativa atrativa para a síntese deste composto, pois o substrato é o componente que mais encarece o processo produtivo. Dessa forma, a utilização de resíduos como fonte de carbono no processo favorecerá a produção do biossurfactante combinada à adequação de resíduos gerados”, disse.

Sobre o PROPG-AM

Para a pesquisadora o apoio da Fapeam para andamento da pesquisa de doutorado é fundamental. “Sem este auxílio eu não teria condições financeiras de concluir o meu Doutorado. com a bolsa de estudos é possível desenvolver a pesquisa de doutorado, agregando conhecimento e contribuindo também para o desenvolvimento de pesquisas no Amazonas”, disse Talita Nazareth.

O projeto de pesquisa é desenvolvido no âmbito do Programa de Bolsas de Pós-graduação em instituições fora do Amazonas (Propg-AM) que tem como objetivo conceder bolsas de mestrado e doutorado a profissionais graduados, residentes no Amazonas há, no mínimo, quatro anos, interessados em realizar curso de pós-graduação stricto sensu, em Programa de Pós-Graduação recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em outros Estados.

 Esterffany Martins/Agência Fapeam

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