Estudo identifica 11 novos tipos diferentes de fungos no Amazonas
Pesquisa analisou as características e perfil de pacientes com maior incidência de doenças fúngicas causadas por Candida
Uma pesquisa realizada com apoio do governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) identificou 11 novos tipos diferentes de fungos no Amazonas e analisou a ocorrência de doenças causadas por Candida (espécie de fungo) no sangue em unidades hospitalares públicas e privadas de Manaus.
O estudo, coordenado pela pesquisadora Ani Beatriz Jackisch Matsuura, ainda está em andamento e analisa as principais características para surgimento da doença e o perfil de pessoas acometidas pelas candidemias na capital.
Com o estudo, que iniciou em 2013, a equipe constatou que apesar da Candida albicans ser uma das espécies causadora de doenças fúngicas com mais frequência no mundo todo existe uma diferença com as causadas na capital com as do sudeste do Brasil, por exemplo, onde possuem pesquisas semelhantes.

A micologista Ani Beatriz Jackisch Matsuura explicou que existem muitos dados sobre infecção hospitalar referentes a patógenos, principalmente bactérias, mas quanto aos fungos na região o estudo é pioneiro.
“Não posso dizer que esse mesmo patógeno aqui do Amazonas responda da mesma forma do que está ocorrendo no Sudeste. Nós achamos aqui 21 genótipos dessas Candida albicans. Quer dizer, na mesma espécie 21 tipos diferentes e, dentre eles, 11 nunca tinham sido descritos no mundo. Após isso, comparamos com os medicamentos utilizados e percebemos que alguns, por exemplo, possuem mais resistência aos antifúngicos”, disse a pesquisadora.
O estudo está sendo realizado no âmbito do Programa de Pesquisas para o Sistema Único de Saúde (PPSUS) da Fapeam em parceira com o Ministério da Saúde (MS) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que tem por objetivo apoiar projetos de pesquisa que visem à promoção de desenvolvimento científico e tecnológico na área de Saúde.
A pesquisa foi feita com ajuda de um laboratório terceirizado que atende cerca de um terço das pessoas atendidas em hospitais públicos e privados em Manaus. Segundo o estudo, os pacientes em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estão mais vulneráveis a ter candidemia (infecção causa por Candida no sangue), por conta do estado clínico e de procedimentos invasivos.
“(Nós orientamos que) toda vez que fosse diagnosticado pelos próprios hospitais uma doença causada por fungos no sangue, o fungo seria separado pelo laboratório para o nosso estudo. Conseguimos fazer isso em 11 hospitais entre públicos e particulares”, disse Vivian Pereira, farmacêutica e componente do grupo de pesquisa.
De acordo com Pereira, pessoas idosas, recém-nascidos e pacientes com dispositivos invasivos como sondas e cateter têm maior risco de contrair a candidemia.
Saiba quais são os benefícios da descoberta dos novos tipos diferentes de fungos no Amazonas para a população

Segundo a farmacêutica Vivian Pereira, a pesquisa realizada pela Fiocruz Amazônia em parceria com a Comissão Estadual de Controle de Infecção Hospitalar está se convertendo em ações preventivas.
A micologista Ani Beatriz Jackisch Matsuura explicou que existem muitos dados sobre infecção hospitalar referente a patógenos, principalmente bactérias, mas quanto aos fungos na região, segundo ela, o estudo é pioneiro.
“A ideia surgiu para nós vermos quais fungos que estavam causando essas fungemias e verificarmos as principais espécies e quais as características das pessoas mais afetadas por esses fungos. O estudo nos permitirá, ainda, conhecer se os antifúngicos usados estão de fato combatendo o fungo”, disse a pesquisadora.
A pesquisa realizada pela Fiocruz Amazônia em parceria com a Comissão Estadual de Controle de Infecção Hospitalar está se convertendo em ações preventivas.
Com o estudo, segundo Pereira, que também atua na comissão, será possível delinear um controle e prevenção mais adequados. “A parceria tem nos levado a buscar por melhorias, principalmente nos hospitais onde tivemos uma maior ocorrência das infecções”, explicou.
Esterffany Martins /Agência Fapeam
Fotos: Érico Xavier / Agência Fapeam