Pesquisa apoiada pela Fapeam estuda a atuação do homem e o impacto da natureza no habitat de larvas de peixes
O objetivo é criar medidas protetivas para essas espécies com a finalidade de preservá-las na natureza, como forma de manter mais uma fonte de proteína animal para consumo humano
Um projeto de pesquisa desenvolvido pelo doutor em Ciências Biológicas, Rosseval Galdino Leite, está estudando as larvas bentônicas de siluriformes, peixes denominados bagres, com a finalidade conhecer os requisitos naturais dessas espécies, com finalidade de dar subsídios à sua proteção e preservação, tendo em vista serem de grande importância comercial, tanto local, quanto nacional e internacionalmente.
O estudo é desenvolvido no âmbito do Programa de Apoio à Pesquisa Universal Amazonas, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e está há dois anos em andamento, com previsão para término em Julho de 2017.
De acordo com Rosseval, a maioria dos trabalhos desenvolvidos na região é direcionada aos peixes adultos, tendo em vista a maior facilidade de pesca e de identificação das espécies. As informações existentes são concentradas naquelas espécies mais conhecidas e mais consumidas pela população, como é o caso do matrinxã, pacu, tambaqui e a sardinha. Mas já exitem alguns trabalhos importantes do ponto de vista ecológico sobre as larvas e juvenis de siluriformes.
Larvas de peixes que vivem no fundo dos rios de água doce
A pesquisa observa os peixes nos quatro períodos hidrológicos: fase da seca, enchente, cheia e vazante, verificando as estratégias desses seres aquáticos para sobrevivência, como a alimentação, a forma como ele se alimenta para aproveitar melhor o que tem à disposição dele, e a época do ano em que a espécie de reproduz, segundo as alternativas oferecidas pela própria natureza.
Segundo Galdino, um questionamento que é sempre feito pela população pesqueira é sobre o período de defeso. Ele explica que toda medida de proteção tem um embasamento científico, um estudo feito em torno daquela medida para que ela seja realizada, então quando se determina a proibição da pesca no período da enchente, por exemplo, é porque naquela época do ano o peixe está se reproduzindo e por isso a pesca é proibida, pois é preciso manter a espécie, ou seja, preservá-la na natureza.
“Tudo tem uma observação científica e é através dessas observações que nós vamos determinar, por exemplo, o tamanho mínimo permitido para captura de cada espécie, pois o peixe precisa ficar adulto para se reproduzir, então não se pode capturá-lo antes. Você proíbe agora, para se beneficiar lá na frente”, afirmou Rosseval.
Outro aspecto que Galdino exemplificou foi sobre o transporte de petróleo de Urucu para Manaus. Segundo ele, o rio está habituado a ter a correnteza para uma determinada direção, mas a passagem de grandes embarcações gera uma maior erosão da margem do rio, o que vai trazer consequências para as espécies de peixes que moram ali, isto é, uma reação em cadeia.
Doutor Rosseval Galdino Leite faz estudos de larvas de siluriformes bentônicos, que trarão benefícios à população que se alimenta de peixes
Benefícios
De acordo com Rosseval, às vezes o resultado de uma pesquisa não é imediato, mas em longo prazo. Ele destaca sobre o consumo do tambaqui e afirma que há muito tempo foi realizado um estudo para a criação dessas espécies em cativeiro e, por isso, hoje é possível consumi-la com um preço mais em conta.
O pesquisador ressalta, ainda, sobre a reserva Mamirauá, criada para proteger o pirarucu da extinção, pois uma pesquisa realizada há alguns anos mostrou que a população de pirarucu estava acabando e que algo precisava ser feito.
“Então, tudo que nós geramos nas pesquisas tem a finalidade de trazer benefícios para a população. Por exemplo, esse nosso trabalho procura saber se os peixes no fundo do rio comem os insetos da vegetação que estão sendo levados para o canal do rio, se você acaba a vegetação, então acaba a fonte de alimento para esses peixes”, ressaltou Rosseval.
Segundo ele, se você joga veneno numa plantação, esse veneno acaba indo para o rio, impedindo o crescimento do fitoplâncton, que alimenta o zooplâncton que por sua vez gera alimento para os peixes pequenos e alguns grandes que, na cadeia alimentar, vão servir para alimentar os seres humanos, por isso a importância da pesquisa científica na verificação de todos esses aspectos.
A pesquisa está em andamento há dois anos e tem previsão de terminar em julho de 2017
Repórter- Ada Lima (Agência Fapeam)
Fotos- Érico Xavier (Agência Fapeam)