Workshop aborda fungos da biodiversidade Amazônica


03/08/2011 – A biotecnologia é considerada atualmente como uma das ferramentas fundamentais para o desenvolvimento da Região Amazônica, principalmente pelo fato desta região ser a maior detentora de biodiversidade do mundo.

Pensando nisso, um projeto no âmbito do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Centro de Energia, Ambiente e Biodiversidade (INCT/Ceab) procura isolar e preparar compostos biologicamente ativos, que serão utilizados em reações de modificações de grupos estruturais via química, como forma de obtenção de padrões sintéticos. A pesquisa ‘Síntese de Moléculas Biologicamente Ativas e Modificações Estruturais Mediadas por Fungos Amazônicos’ foi apresentada pelo professor doutor Luciano Fernandes, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa (UTFPR-PG), no Workshop Científico na Escola Superior de Ciências da Saúde da Universidade do Estado do Amazonas (ESA/UEA).

O projeto busca a modificação estrutural de moléculas bioativas já descritas (bergenina, zerumbona e derivados, dentre outras) via métodos químicos e compara os resultados obtidos a partir do uso de microrganismos amazônicos, pertencentes à coleção do INCT-Ceab, como possíveis biocatalisadores, estimulando dessa forma o uso sustentável da Biodiversidade Amazônica.

Desenvolvimento e resultados da pesquisa   

No decorrer do estudo, os pesquisadores encontraram duas situações distintas: uma a partir da utilização dos microrganismos isolados da coleção INCT-Ceab para a redução de diferentes cetonas, na qual os resultados se mostraram promissores.  Segundo o pesquisador, os resultados obtidos pelo trabalho estão em fase de refinamento e de preparação de um manuscrito, que será submetido para publicação em revista especializada na área de biocatálise.

A outra parte da pesquisa se deteve única e exclusivamente na busca de metodologia de obtenção de um produto natural, a Bergenina, que está presente no chá das cascas do Uxizeiro (Sacoglotis uchi), comumente utilizado na medicina popular da Região Norte.

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De acordo com Fernandes, a metodologia desenvolvida pelo grupo de pesquisa é mais barata e muito mais eficiente no que se refere às quantidades de Bergenina que se pode obter, quando comparada com as metodologias já descritas na literatura. Tais resultados estão em fase já adiantada de um processo de preservação de propriedade intelectual, na forma de patente.

Fernandes lembra, que os próximos passos, a serem coordenados pela doutora Luciana de Boer Pinheiro de Souza (em seu projeto DCR) e em colaboração com a doutora Sandra Patrícia Zanotto, doutor Emerson Silva Lima, da Farmacologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), juntamente com a participação efetiva dos alunos Danielle Rachel Santos (aluna do Mestrado), Walber Souza da Silva e Adam Macedo Martins (alunos de iniciação científica), são modificar estruturalmente a Bergenina, como forma de verificar um possível aumento nas atividades farmacológicas já descritas, principalmente, buscar novas atividades dos derivados da Bergenina.

Pesquisadores e instituições que estudam a biodiversidade

O grupo de pesquisa ‘Biotecnologia na Amazônia: Uso e Conservação da Biodiversidade’ atua no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Recursos Naturais da Amazônia e visa contribuir na formação de recursos humanos capazes de promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia para melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. “Nesse aspecto, diante da enorme biodiversidade existente nesta região, é natural o interesse em utilizar esses recursos nas áreas biotecnológicas, como fornecedora de produtos e ou processos”, ressaltou Fernandes.

A equipe mantém atuante cooperação com pesquisadores de instituições de ensino e pesquisa como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Ufam, Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade de Caxias do Sul (UCS), UniNiltonLins, Universidade de São Paulo (USP) e a UTFPR-PG.

O projeto quer contribuir com a formação de novos pesquisadores

O pesquisador acredita que a maior contribuição do projeto é oferecer formação crítica e científica de novos pesquisadores, tanto em nível de graduação, quanto em nível de pós-graduação. E como em toda pesquisa de base, espera-se abrir portas para novos estudos, que poderão trazer benefícios de forma mais ampla podendo atingir todas as classes da sociedade, enfatizou Fernandes.

A proposta da pesquisa era preparar um projeto que envolvesse especialistas da área de biotecnologia, visando ativar tais moléculas inativas, dar outros tipos de atividades às mesmas e, principalmente, utilizar de forma racional a biodiversidade Amazônica, em encontros e congressos específicos da área.  “Toda pesquisa é um processo incessante, de muito otimismo, persistência e perseverança, com um pouco de conhecimento associado”, destacou o pesquisador.

Parceiros do projeto        

O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os investimentos são da ordem de R$ 83 mil e conta também com o apoio institucional do INCT-Ceab. Os trabalhos tiveram início em abril de 2009, com cronograma de 3 anos para sua execução.

Redação: Valdir Torres

Edição: Carlos Fábio Guimarães – Agência FAPEAM

 

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