Convergências pela inovação


14/06/2011 – Na semana que passou, deparei-me, em um jornal local, com um interessante artigo do doutor Antonio Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas. Nele, o empresário reivindica um plano econômico alternativo para o estado. No silêncio daquilo que suas palavras não dizem, está o recorrente histórico de ameaças por que já passou e passa o modelo Zona Franca de Manaus. Não que ele não tenha sido fundamental para o desenvolvimento da região. Esse mérito é indiscutível. Mesmo porque, também dele decorrente, tem-se no Amazonas um índice bem pequeno de destruição da floresta, o que não é pouca vitória. A questão está centrada no fato de que, passados 44 anos, perguntamos aos nossos espantados botões qual o plano B para o referido modelo e não temos resposta. Nessas alturas, de nada vale chorar sobre o leite derramado. Vale, sim, tirar lições do passado para evitar catástrofes no futuro. É justo o que faz Antonio Silva ao pontuar que o caminho alternativo passa por um modelo que tenha foco principal “na educação, na inovação tecnológica, na infraestrutura e na logística”.

Em particular no que tange à inovação, a proposta é extremamente bem vinda, porque presenciamos uma histórica convergência de ações e compromissos que sinalizam para a compreensão de que, para o bem do país e de nosso estado, esse é um caminho sem volta. No plano nacional, o ministro Mercadante transformou o tema em mote de seus discursos; as agências federais de fomento comungam da mesma crença; os conselhos nacionais de secretários de CT&I e de fundações de amparo à pesquisa mobilizam-se em prol de uma legislação mais avançada para o setor, com positiva repercussão no parlamento; a CNI dá fôlego à Mobilização Empresarial pela Inovação. No plano local, micro e pequenas empresas, motivadas pela subvenção econômica tocada pela FINEP e Fapeam, descobrem que a competitividade passa pelos insumos amazônicos e pela inovação; a SECT criou o Fórum Estadual de Inovação, que motiva a necessária aproximação entre a academia e o setor produtivo e promove certa governança ao setor; sem contar com os eventos, como o Inovamazonas, que reuniu centenas de interessados em torno de especialistas nacionais e estrangeiros para aprofundar as mais diversas estratégias que envolvem a inovação. Diria, portanto, que o plano B sonhado pelo Antonio Silva está com atraso de quase meio século, mas o cenário e as condições para sua existência estão postos.

 

Odenildo Sena é Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia do Amazonas (Sect -Am)

 

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