Kit identifica as principais bactérias Escherichia coli no Amazonas
09/06/2011 – A recente epidemia de infecção causada pela nova cepa (O104:H4) da bactéria Escherichia coli entero hemorrágica (EHEC), ocorrida na Alemanha, tem causado grande repercussão por ter levado dezenas de pessoas à morte.
Cientistas de todo o mundo têm tentado explicar as ocorrências e encontrar formas de prevenção e tratamento. No Amazonas, a pesquisadora do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), Dra. Patrícia Orlandi, em 2007, iniciou um importante estudo com crianças de 0 a 10 anos que apresentavam diarreia aguda.
Juntamente com a mestre Carolinie Nobre, a pesquisadora desenvolveu um método de diagnóstico rápido por multiplex PCR, que identifica as variantes da bactéria por meio do projeto ‘Investigação dos fatores de virulência de Escherichia coli diarreiogênicas emergentes na cidade de Manaus’, apoiado pelo Programa de Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde (PPSUS), financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (FAPEAM), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério da Saúde por meio do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos – Decit/SCTI.
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Segundo Orlandi, a via de transmissão da E. coli ocorre através da ingestão de alimentos e água contaminados com fezes de gado. O período de incubação no organismo varia de 3 a 4 dias e se agrava após 7 dias do início da infecção. Conforme orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o tratamento recomendado é apenas com soro para repor a hidratação perdida, sendo os antibióticos usados apenas nos casos graves, em que a diarreia persiste por mais de 4 dias.
“Antes de medicar os pacientes, se faz necessário identificar a causa da diarreia, se é por vírus ou bactéria. No caso da EHEC, não se deve tratar com antibióticos, pois estes causam ‘estresse bacteriano’ e a liberação da Shiga Toxina 1 e 2, que juntas causam a síndrome hemolítica-urémica (SHU), provocando anemia hemolítica microangiopática (destruição das células vermelhas do sangue), fezes sanguinolentas e falha renal, agravando o quadro em 25% dos casos e levando a óbito de 3% a 5% dos contaminados”, explicou Orlandi.
Durante o estudo, Orlandi e Nobre observaram que há muitos casos de infecção pela E.coli no Amazonas, porém não foi detectada nas amostras a existência das duas toxinas ao mesmo tempo. A pesquisadora não descarta a possibilidade de ocorrer a síndrome hemolítico-urémico (SHU) no Amazonas, por isso, enfatiza que é necessário fazer o diagnóstico precoce, evitando, dessa forma, as complicações que podem levar o paciente à morte. Para prevenir, basta tomar medidas simples como lavar bem as mãos antes de manipular os alimentos e evitar comer carnes mal passadas e vegetais crus.
Em 1982, a bactéria foi reconhecida, pela primeira vez, como causa de enfermidade nos Estados Unidos, durante um surto de diarreia sanguinolenta severa, ocasionada pela ingestão de hambúrgueres mal passados contaminados com E. coli O157:H7.
Desta vez, a cepa O104:H4 está se alastrando pela Europa e já superou o número de 1,6 mil infectados, provavelmente, em decorrência do consumo de vegetais crus ou através da transmissão pessoa a pessoa, via oral-fecal, por descuido nos hábitos de higiene.
Redação: Ana Paula Gioia Lourenço
Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia)