Estudo avalia saúde bucal de crianças em Manaus


12/05/2011 A saúde bucal da população é algo que tem chamado a atenção das autoridades brasileiras, por conta disso a comunidade científica tem intensificado as pesquisas voltadas para a questão.

Exemplo disso é a pesquisa intitulada “Avaliação da relação entre os fatores socioeconômicos e percepção sobre saúde bucal,  em prevalência e severidade da cárie e fluorose dentária, da condição periodontal em escolares de 12 anos, Manaus-AM”, coordenada pela professora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), doutora Lauramaris de Arruda Aranha.

De acordo com a pesquisadora, o objetivo do trabalho é abranger o tema usando como base crianças com 12 anos de idade, matriculadas em escolas públicas e privadas de Manaus. Isso porque a Organização Mundial da Saúde (OMS) utiliza a idade de 12 anos como indicador básico de comparação para o estado da saúde bucal entre as diversas populações.  

“O conhecimento da realidade epidemiológica da condição bucal é fundamental para a criação de um banco de dados, cujo trabalho contribuirá na qualidade de ferramenta para viabilizar fixação de metas e traçar planos de trabalho relacionados à prevenção e ao controle da cárie dentária e outras situações, pelos gestores públicos, contribuindo para a construção de um referencial epidemiológico das condições da saúde bucal em Manaus”, destacou a pesquisadora.

vspace=10Ainda segundo Aranha, o estudo é de suma importância, porque Manaus carece de informações epidemiológicas acerca da evolução dessas doenças, quando comparada com outras regiões do País e, de modo geral, a higiene bucal serve para prevenir o surgimento da cárie, gengivite, periodontite, enfim, os problemas relacionados à cavidade bucal.

Público-alvo

Uma parte prática da pesquisa foi desenvolvida por meio da aplicação de um questionário respondido pelos pais ou responsáveis, os resultados mostraram que todos os escolares (100%) possuem escova dental e utilizam dentifrícios fluoretados (creme ou fio dental) e, sobre a frequência da escovação dentária, 87,8% responderam que escovam seus dentes de 2 a 3 vezes ao dia.

“Por meio deste levantamento observamos que quase a metade dos pais considerou boa a saúde bucal de suas crianças e que os responsáveis possuem uma visão paradoxal quanto à classificação da saúde bucal de seus filhos, pois, apesar de considerarem ‘boa’, mais da metade dos escolares apresentaram experiência de cárie e problema periodontal”, revelou Aranha.

Para chegar a estes resultados a pesquisa contou com a participação de 661 escolares de 12 anos de idade, matriculados em escolas públicas e privadas do município de Manaus, de ambos os sexos. Inicialmente as crianças selecionadas para o exame receberam uma explicação sobre as técnicas de escovação. Em seguida, participaram de uma ação de escovação dentária com o intuito de auxiliar na remoção do biofilme dental ou restos alimentares que possam ter permanecido sobre o dente, facilitando o diagnóstico visual. A coleta dos dados foi efetuada por uma única examinadora e a avaliação das patologias (cárie dentária, condição periodontal e fluorose) foi registrada em ficha clínica individual para cada criança.

Resultados

vspace=10O estudo mostrou uma baixa prevalência de cárie CPO-D 1,89 (dentes cariados, perdidos e obturados) e fluorose aos 12 anos de idade, alteração que ocorre devido ao excesso de ingestão de flúor, durante a formação dos dentes, segundo os padrões da Organização Mundial de Saúde. Em relação à condição periodontal, o Índice Periodontal Comunitário (IPC) foi elevado, pois quase a totalidade da amostra apresentou alteração periodontal (sangramento gengival ou cálculo), cujo índice pode ser reduzido com a implantação de medidas preventivas.

“Os dados relatados podem ser úteis para a definição de programas de prevenção e tratamento da doença, para o planejamento dos serviços ou para guiar políticas de saúde bucal no Estado do Amazonas. Vale ressaltar que a cidade de Manaus não é beneficiada com o íon flúor na água de abastecimento público, o que poderia impactar em melhores indicadores de saúde bucal por ser um importante meio de prevenção de grande abrangência”, finalizou.  

Apoio          

O trabalho foi executado por meio de uma tese realizada pela UEA e Faculdade de Odontologia de Campinas (Unicamp), por meio do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Amazonas (RH-Interinstitucional), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

“O apoio foi de suma importância para a conclusão do trabalho, sendo certo que os resultados serão de grande valia para a administração pública, contribuindo para a melhoria das informações sobre saúde pública em Manaus”, explicou Aranha.

Além da Drª Lauramaris de Arruda Régis Aranha, a pesquisa contou com a participação dos pesquisadores, Dr. Marcelo de Castro Meneghim; Dr. Antonio Carlos Pereira; Drª Nícia Marques de Almeida Oliveira; Drª Gláucia Maria Bovi Ambrosano e Dr. Fabio Luiz Mialhe.

Sobre o RH-Interinstitucional

O Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Amazonas consiste em apoiar, com bolsa de curta duração, alunos de mestrado e doutorado formalmente matriculados em curso de pós-graduação fora de sede ofertados em Manaus e credenciados pela Capes, para desenvolvimento de atividades acadêmicas na instituição parceira.

Foto 2 – Escovação supervisionada (Fotos: Lauramaris Aranha) 

Foto 3 – Exame epidemiológico

 

Captação – Anamaria Leventi

Redação e edição – Ulysses Varela – Agência FAPEAM

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