Canal NatGeo mostra os mistérios da megapiranha
03/05/2011 – Uma equipe de biólogos e ávidos pescadores sai pelo rio Xingu em uma busca para desvendar os mistérios da Megapiranha paranensis (megapiranha). É o que vai apresentar o documentário do canal da National Geographic (NatGeo) que estreia nesta terça-feira, 3 de maio, nos Estados Unidos.
O documentário, filmado em agosto e setembro de 2010, conta com cenas realizadas em Manaus (Feira da Panair e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa) e no rio Iriri, afluente do rio Xingu. Entre os pesquisadores está o doutor em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e diretor técnico-científico da FAPEAM , Jorge Porto, único brasileiro da equipe.
Porto juntamente com o pesquisador da Universidade George Washington, Guillermo Orti, fizeram exposição sobre a pesquisa em biologia evolutiva das piranhas, enquanto que o pesquisador da Western Kentucky University (WKU), Steve Huskey, e o professor da Universidade Americana no Cairo, capital do Egito, Justin Grubich, trataram sobre a biomecânica (mordedura) das piranhas.
Segundo Porto, a megapiranha consiste em uma espécie que existiu há 8-10 milhões de anos. Segundo ele, o documentário foi inspirado por uma recente descoberta de fósseis na Argentina. Os pesquisadores encontraram um pedaço de osso da mandíbula com três dentes que era uma forma intermediária entre piranhas e pacus. Pelo tamanho do osso, os pesquisadores estimam que o peixe tinha um metro de comprimento, mais do que quatro vezes o tamanho das piranhas de hoje ou do mesmo tamanho de um enorme tambaqui.
O pesquisador explicou, ainda, que as piranhas e seus parentes próximos, os pacus, são conhecidos por suas mordidas. “Imaginem então uma mordida de uma piranha de um metro”, frisou. Porto providenciou a infraestrutura do Inpa para que um dos pesquisadores, Dr. Huskey, passasse algum tempo nadando em um tanque com 150 piranhas famintas para gravar seus comportamentos de alimentação.
Reconstrução
Para responder a perguntas sobre o que comia o peixe pré-histórico e por isso tornou-se extinto, os pesquisadores da National Geographic tentaram reconstruir a vida da megapiranha. “A única maneira que você pode fazer é olhar para as espécies que vivem e explorar a partir de lá”, disse Porto.
Ele explicou que as piranhas têm uma reputação de serem ferozes, carnívoras e perigosas, porém, sua alimentação é onívora e, muitas vezes, comem vegetais.
Segundo Porto, essa visão fantasiosa contrasta com o hábito de ‘mordiscar’ pedaços de outros peixes, incluindo as suas barbatanas e escamas. “Embora tenham dentes afiados e mordida poderosa, atuam principalmente como catadores, pois se alguma coisa morre e cai na água, torna-se alimento”, disse ele. “Mas as piranhas via de regra não são perigosas para os seres humanos. Estivemos no rio Xingu onde visualizávamos as piranhas o tempo todo e não tivemos um acidente sequer na expedição”, frisou.
Cristiane Barbosa – Agência FAPEAM
Com informações do http://wkunews.wordpress.com e http://gwtoday.gwu.edu
1 – Grupo de pesquisadores participantes na expedição (Fotos: NatGeo)
2 – Campo de pesquisa no Xingu
3 – Jorge Porto foi o único pesquisador brasileiro na expedição