Pesquisadores do AM buscam diagnóstico rápido do rotavírus
25/04/2011 – Segunda maior causa de morte entre crianças de até cinco anos em todo o mundo, a diarreia é causada, na maioria das vezes, por um gênero de vírus denominado rotavírus que ataca as mucosas do intestino e inviabiliza a absorção de líquido.
Dados da Sociedade Brasileira de Imunizações apontam o rotavírus como responsável por um terço das diarreias no País. No Amazonas, a realidade não difere de outros lugares, sendo as crianças a maioria das vítimas da doença, embora os adultos não estejam imunes ao vírus.
Diante deste cenário, o pesquisador Paulo Afonso Nogueira, do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz), coordena um grupo de pesquisa que visa à produção de um kit de diagnóstico rápido para o rotavírus.
A ideia do grupo, composto também pelos pesquisadores Luis André Mariuba e Patrícia Orlandi – todos da Fiocruz –, é chegar a uma fita, semelhante à utilizada em testes de gravidez, onde se possa ter um diagnóstico eficiente da doença. A produção do material, considerada a última fase do projeto, está prevista para o final de 2012.
Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e Ministério da Saúde, via Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS), com recursos de R$ 82 mil, o projeto trabalha com a produção de proteínas a serem injetadas em camundongos para a experiência de imunização.
Projeto é o segundo apoiado pela FAPEAM
A fita para o diagnóstico do rotavírus é o segundo projeto do imunologista Paulo Nogueira em parceria com a FAPEAM. Atuante na área de diagnóstico há 15 anos, ele trabalha em outra pesquisa, com parceria do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para desenvolvimento de um kit similar na detecção da malária.
“O trabalho com as fitas ainda é artesanal, mas já observamos que funciona. No caso do rotavírus, ele é o agente que mais causa gastroenterite no Brasil, apesar da existência da vacina, que precisa ser reavaliada constantemente”, explicou.
Na maioria dos atendimentos médicos, segundo Nogueira, os profissionais receitam antibióticos, que muitas vezes são desnecessários, já que o tratamento mais adequado para o rotavírus é a hidratação, além do controle da febre.
Após o término da pesquisa, as fitas passarão por um teste de qualidade, no qual será avaliado se estas apresentam falso positivo ou falso negativo nos resultados. Com a constatação de que tudo funcionará corretamente, as fitas serão oferecidas para produção em escala industrial, mas somente no âmbito hospitalar. “Não é aconselhável que o teste seja feito em casa. Jamais venderemos em farmácias até por uma questão de controle”, ressaltou.
Saiba mais sobre o rotavírus
– É um vírus que causa diarreia grave e frequentemente acompanhada de febre e vômito.
– Os rotavírus são encontrados em alta concentração em fezes de crianças infectadas e são transmitidos por via fecal-oral, por contato pessoa a pessoa e também através de fômites (gotículas emitidas ao falar).
– Se a doença não for tratada, leva à desidratação e à perda de nutrientes, podendo levar à morte.
– A incidência maior é em crianças, mas adultos também podem ser contaminados.
– A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a inclusão da vacinação contra o vírus nas campanhas de imunização infantil em todos os países.
– No Brasil, a vacina faz parte do programa nacional desde 2006.
– Não há tratamento específico para combater o vírus, só os sintomas.
– É fundamental a hidratação já nos primeiros sintomas.
Sobre o PPSUS
O programa tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento de pesquisas que auxiliem na resolução dos problemas prioritários de saúde e para o fortalecimento da gestão do SUS no Estado.
O PPSUS foi implementado em 2004 pela FAPEAM em parceria com o Ministério da Saúde por meio do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (Decit/SCTIE) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Pesquisador Paulo Afonso Nogueira (Foto1: Ricardo Oliveira)
Alessandra Karla Leite – Agência FAPEAM