Pesquisas indicam melhorias na aquicultura


07/04/2011 – O setor produtivo do pescado – atividade diretamente ligada à geografia do Estado do Amazonas – é uma área em franca expansão, desde que seja desenvolvida de maneira racional. No entanto, na visão de especialistas, ainda existem dois fatores a serem levados em consideração para que se alcance este desenvolvimento. O primeiro é ter a consciência do longo trajeto a ser percorrido para se alcançar a sustentabilidade ecológico-social, tão almejada neste ramo de produção. O segundo é que, sem investimento do setor público na capacitação e formação de mão de obra qualificada para a produção e disseminação do conhecimento, provavelmente não se avançará muito. O desafio está lançado.

Atualmente, alguns analistas afirmam que a pesca extrativista apresenta um crescimento lento em todo o território nacional devido a algumas características como o aumento das populações nos municípios, contaminação dos cursos de águas pela poluição doméstica e industrial, construção de barragens, aterros e alterações nos lugares de desovas e criadouros naturais. Esses aspectos contribuem para o avanço desordenado do setor. Muitas vezes, a falta de conhecimento apropriado dificulta desde o manejo eficaz do pescado até a logística de transporte deste ao consumidor.src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/Aqui2.jpg

Algumas mudanças que buscam alterar estes cenários já ocorrem no Amazonas. A Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror) criou, em 2003, a Secretaria Executiva de Pesca e Aquicultura (Sepa) para consolidar, estrategicamente, essas atividades, direcionando-as para o desenvolvimento do Estado. Nessa direção, a Sepa desenvolveu um projeto denominado ‘Programa de Desenvolvimento Sustentável da Pesca e Aquicultura do Amazonas’ – Prodepam 2011-2014 – que, com o apoio das instituições de pesquisa como a Embrapa, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), somado ao apoio de órgãos financiadores como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep),  visam a estimular políticas públicas e privadas que propiciem o desenvolvimento harmônico de todos os elos da cadeia produtiva do pescado, dentro dos objetivos do conjunto de planos dos governos estadual (Plano Zona Franca Verde) e federal (Plano Amazônia Sustentável de Aquicultura e Pesca).

O potencial do Amazonas é grande, segundo o secretário da Sepa, Geraldo Bernardino, que afirma que o Estado desponta com enorme potencial para o desenvolvimento da aquicultura e de outras áreas, como as pescas extrativa, ornamental e esportiva. “Temos clima privilegiado, terras disponíveis, água em abundância e espécies com valor altamente comercial agregado”, afirmou.

A aquicultura avançou de 3,3 toneladas, em 2003, para 10,5 toneladas, em 2010, ou seja, um aumento de mais de 200%. O tambaqui, por exemplo, representou 80% do total destinado somente para o consumo no Amazonas.

O pirarucu, proveniente de áreas manejadas, alcançou 891 toneladas, contra apenas 82 toneladas, em 2003. Para Bernardino, a aquicultura se consolidará como um negócio rural modelo, a partir de projetos estruturados, ajustados às novas dinâmicas do mercado e adequados à legislação ambiental. Em relação à pesca de peixe ornamental estimou-se para 2010 uma produção de 25 milhões de unidades, o que contribuiu com 80% do total exportado pelo Brasil. “É importante que haja uma intensa mudança na base técnica e de modernização gerencial, desde o incremento da produção, até a melhoria dos processos de logística e infraestrutura”, ressaltou Bernardino.

Por outro lado, a pesca esportiva vem se transformando numa indústria cada vez mais forte que recebe, aproximadamente, 12 mil turistas/ano, integrando os anseios da sociedade urbana, com a sustentabilidade do desenvolvimento local e a preservação do meio ambiente. De acordo com o secretário, nessa proposta estão sendo trabalhados valores e atitudes inovadoras para a pesca amadora, para que as áreas selecionadas possam se caracterizar como uma referência não apenas para o turista praticar o ‘pesque e solte’, mas também um bom lugar para as pessoas viverem. “É o chamado tripé: sociedade, peixe vivo/floresta em pé e água limpa”, completou.

Bernardino ainda ressaltou que, com todos esses números expressivos, é necessário investimento em toda a cadeia produtiva (desde a produção do insumo até o consumidor final) e, também, na produção do conhecimento, para que se possam difundir técnicas e tecnologias em aquicultura para as espécies nativas da Amazônia. “Precisamos deixar de copiar o conhecimento de técnicas aplicadas em outras regiões ou países e desenvolver nossas próprias habilidades”, frisou.

O projeto teve início no mês de setembro de 2010 e o tempo de duração será de 60 meses. Serão aplicados investimentos em torno de R$ 3,8 milhões.

Números revelam que consumo é 20 vezes maior que a média nacional

De acordo com Bernardino, o Amazonas produz cerca de 170 mil toneladas de pescado proveniente da pesca de alto consumo, da pesca extrativa comercial e da aquicultura. (70mil da comercial; 90 mil da subsistência e 10 mil da aquicultura). “No Brasil, o consumo é próximo de 9 quilos por pessoa, ao ano. Em Manaus, o consumo chega a 47 quilos por pessoa, ao ano. No interior, nas áreas consideradas rurais, esse número chega a 180 quilos por pessoa, ao ano, ou seja, 20 vezes o consumo médio nacional”, explicou.

Outros números

O número de pessoas envolvidas com o pescado revela que há cerca de 150 mil pescadores no Estado, 80 mil amadores e 70 mil pescadores profissionais, o que representa 5% da população ativa do Estado. Atualmente, os pescadores que recebem o salário-defeso são aproximadamente 51,5 mil, o equivalente a R$ 105 milhões injetados na economia da região.

Fábio Guimarães – Agência FAPEAM

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