Mulheres têm cada vez mais destaque na ciência e na gestão
08/03/2011 – No ano em que o Dia Internacional da Mulher completa cem anos, a figura feminina impera nos mais diversos setores da sociedade brasileira, a começar pela gestão da primeira presidenta da República, Dilma Rousseff. No universo da Ciência não poderia ser diferente.
São quatro mulheres dirigindo Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) no Brasil. No Amazonas, a professora Maria Olívia de Albuquerque Simão assumiu em 2011 o desafio de comandar a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), com o compromisso de contribuir para a continuidade do desenvolvimento do sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação no Estado.
Para ela, as mulheres assumem cada vez mais os espaços que antes eram apenas dos homens, e os gabinetes da gestão pública fazem parte dessa realidade. O desafio, diz Maria Olívia, é manter o respeito que a sociedade vem depositando nas mulheres.
“Isso se faz com responsabilidade, transparência e ética. Além disso, não podemos perder o que nos marca como gênero feminino: a elegância, leveza, sensibilidade e emoção. Características essas que nos acompanham desde quando ocupávamos somente o espaço do lar, lugar que hoje ainda precisamos dar conta, independente dos espaços que estamos ocupando”, declarou.
No campo da pesquisa, de acordo com a diretora-presidenta da FAPEAM, as mulheres cientistas, assim como os homens, encontram na Amazônia uma região de questionamento fértil. Dessa forma, ressalta, quando um pesquisador se depara com os paradigmas regionais, sua enorme diversidade étnica e biológica, o território continental e a exuberância em recursos híbridos, a mente pulsa na busca do entendimento do contexto amazônico. “As mulheres neste cenário externam uma estratégia de percepção só nossa, o sétimo sentido. Não somos melhores que os homens, mas com certeza somos diferentes”, destacou.
Orgulho em ser pesquisadora na Amazônia
Foi esse pulsar pela imensidão amazônica que motivou a pesquisadora Sandra Zanotto, doutora em Química Orgânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a se fixar no Amazonas há sete anos.
Professora do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Zanotto destaca a Região Norte como um lugar gigante por vocação em diversos aspectos. Os números relacionados à Amazônia, segundo a cientista, enchem os olhos dos estrangeiros para a mais importante reserva biológica do planeta, em função do enorme potencial hídrico da bacia amazônica e de uma extraordinária diversidade cultural.
A chegada à Amazônia aconteceu no ano de 2003, após a defesa de doutorado e aprovação de um projeto de Pós-Doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Sandra Zanotto conta que renunciou ao pós-doutorado e aceitou o convite para participar da implementação do curso de mestrado em Biotecnologia da UEA. No mesmo ano fixou residência em Manaus.
“Existem as dificuldades reais para o desenvolvimento de atividades científicas na região, especialmente no interior que é tão desprovido de recursos humanos qualificados. Isso ainda é um dos principais problemas nossos para a qualificação da produção científica no Estado”, frisou.
Determinação
Iniciante no universo das pesquisas, a acadêmica do 5° período de Enfermagem Alexandra Brito relata os desafios de começar na área científica aos 20 anos de idade. Bolsista na Fundação de Medicina Tropical, a universitária integra o projeto ‘Diagnóstico Situacional das Ações de Controle da Tuberculose no Amazonas’, orientada pela Doutora Samira Bührer e coorientada pela enfermeira Marlúcia Garrido. “Esta pesquisa é realizada por meio de um questionário e minha responsabilidade é enviá-lo aos 62 municípios do Amazonas, digitalizá-lo e analisá-lo para posterior divulgação”, declarou.
Por ser mulher e com pouca idade, Alexandra acredita que o principal desafio é suprimir o preconceito dos homens de que as mulheres desta faixa etária não têm capacidade para pesquisar. “Porém, estou bem segura do que almejo em minha profissão. Encontro dificuldades e tento minimizá-las. Tudo está se encaminhando muito bem nestes dois meses que eu tenho de atuação”, disse.
O controle da tuberculose no Amazonas é hoje o foco da pesquisa da acadêmica, que espera contribuir cada vez mais com estudos na área. Certa dos seus objetivos, Alexandra espera concluir a formação acadêmica e se especializar em Infectologia e/ou Epidemiologia da Tuberculose e prosseguir neste campo de atuação.
Foto1: Maria Olívia Simão, diretora-presidenta da FAPEAM (Foto: Cristiane Barbosa)
Alessandra Leite – Agência FAPEAM