Pesquisa avalia relação entre capacidade motora e atividades físicas em crianças
24/02/2011 – Todo mundo sabe que a coordenação motora, capacidade do cérebro de equilibrar os movimentos do corpo por meio dos músculos e das articulações, é desenvolvida nos indivíduos durante a infância e que pode ser observada por meio da agilidade.
Quando constatada alguma deficiência em crianças, pode-se recorrer a práticas que estimulem a agilidade por meio de atividades físicas que façam com que a criança force o cérebro a produzir movimentos.
Com o objetivo de identificar os níveis de coordenação motora e atividades físicas em crianças de 7 a 10 anos de idade, o psicopedagogo e doutorando em Educação Física pela Universidade de São Paulo (USP), Cleverton José Farias de Souza, desenvolveu a pesquisa ‘A relação entre a Coordenação Motora e a Atividade Física em Crianças de 7 a 10 anos de idade: Um estudo longitudinal’.
Para Souza, crianças nessa faixa etária vivem um momento oportuno para se identificar e tentar ajudar a corrigir, por meio de programas de intervenção, as dificuldades motoras que porventura sejam constatadas.
Além de investigar a relação entre a coordenação motora e a atividade física, a pesquisa pretende entender como essas duas variáveis se relacionam e se transformam ao longo do tempo.
“Vamos analisar o quanto e como essa relação acontece, ou seja, se as crianças que apresentam boa condição de coordenação motora mantêm o mesmo nível ao longo de 4 anos”, destacou Souza, indicando ainda que o mesmo processo se aplica à atividade física, ou seja, se as crianças que apresentam boa qualidade de atividade física mantêm esse nível ao longo do tempo e se não mantêm, quais implicações para isso.
Capacidade motora
Conforme Souza, não basta que as crianças experimentem ou aprendam muitos movimentos e que brinquem à vontade. “É fundamental que esse conjunto de movimentos esteja intimamente relacionado com a sua cultura, seu ambiente e seu cotidiano”, esclareceu.
Para se conseguir isso, o aspecto lúcido, por meio de brincadeiras educativas, é um meio estratégico e prazeroso muito eficiente para transmitir esses conteúdos, além de ser uma ferramenta pedagógica de pleno domínio dos profissionais de educação física.
A pesquisa, fruto de uma cooperação internacional entre a Universidade do Porto – Portugal, Universidade Pedagógica de Moçambique – África, e a Universidade de São Paulo – Brasil, ainda não terminou e a última fase, que envolve a coleta de dados, está prevista para acontecer no primeiro semestre de 2011, na cidade Muzambinho, em Minas Gerais.
“Essa pesquisa envolve o Projeto Estudo Longitudinal Misto do Desenvolvimento de Aspectos da Coordenação Motora e Aptidão Física em Crianças Brasileiras e Portuguesas e faz parte de uma cooperação de pesquisa internacional entre o Brasil, Portugal e a África”, concluiu.
O doutorando acredita que ajudar na implantação e acompanhamento de programas esportivos e de intervenção da Educação Física Escolar, de acordo com as particularidades e realidades em cada cidade no meio da floresta, requer um exercício pedagógico que consolide a formação de um aluno de pós-graduação.
RH DOUTORADO
A pesquisa conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa RH Doutorado – Fluxo Contínuo. “Para a realização da minha tese fui contemplado com uma bolsa de estudo, sem a qual não seria possível participar do projeto e tampouco fazer um doutorado em São Paulo”, ressaltou.
O Programa RH Doutorado consiste em conceder bolsas a profissionais interessados em realizar curso de Pós-Graduação Stricto Sensu (Doutorado), em Programas de Pós-Graduação recomendados pela CAPES em outros Estados da Federação nas áreas de Humanas, com exceção de Arqueologia; Exatas e da Terra; Agrárias; Sociais e Aplicadas; Engenharias, com exceção das Engenharias Agrícolas, Materiais, Metalúrgica, Naval, Química, Sanitária; Biológicas, com exceção de farmacologia; Saúde; Linguística, Letras e Artes; Multidisciplinar.
“Para mim, que sou caboclo do Amazonas, os recursos oriundos da bolsa de estudos da FAPEAM foram o único meio de fazer pós-graduação fora do Estado”, finalizou.
Redação: Dalva Berquet
Edição: Ulysses Varela – Agência FAPEAM