Municípios do Amazonas fazem parte de estudo sobre manejo de pastagens
24/02/2011 – O manejo inadequado das pastagens na Região Amazônica, onde a pecuária é reconhecida como o maior vetor de desmatamento, levou o pesquisador José Ferreira da Silva, do Departamento de Produção Animal e Vegetal da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a estudar as formas de controle das plantas daninhas nas terras firmes e de várzea, tanto em Manaus quanto em municípios do interior do Amazonas.
Com o projeto ‘Composição Florística de plantas daninhas em pastagem de várzea e de terra firme no Estado do Amazonas’, Ferreira propôs um levantamento fitossociológico, ou seja, o estudo das características, classificação, relações e distribuição de comunidades vegetais naturais. O levantamento é feito por meio de amostragem em áreas de pastagens com o intuito de fornecer subsídios para o manejo e recuperação de áreas degradadas.
Além de Manaus, foram escolhidos como pontos-base para a pesquisa os municípios de Parintins, Autazes e Itacoatiara, por possuírem, respectivamente, o segundo, o quinto e o sexto maior rebanho de ruminantes (bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos) do Amazonas em 2009, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Manaus foi selecionada por fazer parte da grande metrópole e pela proximidade com o centro urbano para comercialização da carne e do leite.
De acordo com o coordenador do projeto, o município de Autazes (a 161 quilômetros da capital), se destaca por ter a segunda maior produção de leite de búfala do Brasil, com cerca de 1,9 milhão de litros de leite produzidos em 2006, também segundo o IBGE.
Benefícios
Um problema grave para os pecuaristas, segundo o pesquisador, é a morte súbita de animais em decorrência do consumo e contato com as plantas daninhas. “Algumas espécies identificadas, tanto em terra firme quanto na várzea, podem provocar ferimentos e até a morte súbita de animais, além de contribuir para a baixa produtividade das pastagens”, ressaltou Silva.
Os estudos florísticos são essenciais para a atualização das floras regional e nacional, além de serem importantes na obtenção do conhecimento sobre as populações e a biologia das espécies encontradas, constituindo uma ferramenta de suporte técnico nas recomendações de manejo das pastagens.
Nos quatro municípios foram registrados 203.486 indivíduos, distribuídos em 160 espécies e 43 famílias botânicas.
Apoio
Financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (Pipt), a pesquisa contou ainda com a colaboração da Ufam para complementos de informações, além da infraestrutura do Laboratório da Ciência das Plantas Daninhas, do Laboratório de Solos, além do apoio logístico para as excursões.
Em fase de conclusão, o projeto faz parte da tese de doutorado da aluna do Programa de Pós-Graduação em Agronomia Tropical da Ufam, Anísia Karla de Lima Galvão, com defesa prevista para abril deste ano. Anísia é vice-coordenadora da pesquisa e professora de Zootecnia do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Campus Manaus Zona Leste.
Outros resultados do projeto, apresentados pelo pesquisador, foram oito trabalhos apresentados em congressos e um artigo científico aceito para publicação na Revista Planta Daninha.
Saiba mais sobre o Pipt/FAPEAM
É um programa que consiste em apoiar, com auxílio-pesquisa e bolsas, mestres e doutores vinculados a instituições públicas e privadas sem fins lucrativos interessados em realizar pesquisas científicas e tecnológicas no Amazonas.
Alessandra Karla Leite – Agência FAPEAM
Foto 1 – Animal envenenado por planta tóxica em pastagem de várzea em Parintins-AM (Divulgação)
Foto 2 – Equipe do projeto coletando plantas em pastagem de várzea de Parintins-AM (Divulgação)
Foto 3 – Apresentação em Congresso da Ciência das Plantas Daninhas em SP (Divulgação)