Pesquisa revela técnica para acelerar a germinação de sementes
22/02/2011 – Pesquisadores do Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia (Inpa) apontam para um resultado bastante animador quanto à aplicabilidade do extrato de água de fumaça em lavouras de pequenos produtores na região amazônica.
O estudo intitulado ‘Adaptação da Tecnologia da Fumaça para a Germinação de Sementes de Espécie da Amazônia’ ainda está sendo desenvolvido por pesquisadores da Coordenação de Pesquisa em Silvicultura Tropical do Inpa e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
O objetivo da pesquisa é testar o extrato de água de fumaça em espécies amazônicas, como também compreender, a longo prazo, os benefícios que isso poderá trazer para o desenvolvimento da agricultura no Amazonas. Para isso, a pesquisadora Isolde Dorothea Kossmann Ferraz, doutora em Sementes Florestais, testou nos primeiros estudos dez espécies de interesse econômico agroflorestal, entre elas a castanha da amazônia, ipê amarelo, araçá-boi, orelha de macaco e a caroba.
A técnica inédita no Brasil já vem sendo utilizada em países como a África do Sul e Austrália. “Nestes países as pesquisas estão bem avançadas. A aplicação da técnica é barata e o extrato pode ser usado numa quantidade significativa correspondente ao número de sementes. Outro indicativo é a sua facilidade de manuseio, pois não é preciso ser especialista para o trato da técnica com as sementes”, apontou a pesquisadora.
A técnica
Segundo Ferraz, para obtenção da água de fumaça pedaços de madeira são colocados em um pequeno forno à lenha para efeito de combustão. A fumaça produzida é lançada em um pequeno reservatório com água onde ocorre um processo de sucção e ebulição, concentrando substâncias da fumaça na água.
“Durante os procedimentos iniciais de produção da água para os testes, a preocupação imediata foi questionar se o produto final teria eficácia e aplicabilidade. A partir da utilização da madeira de embaúba para gerar a fumaça, desencadearam-se outros experimentos, contabilizando 16 espécies aptas, disse Ferraz.
Benefício
A pesquisadora acredita que o resultado do experimento além de trazer grandes benefícios, vai viabilizar formas mais baratas e ajustadas a uma complexidade menor de trabalho na agricultura. A simplicidade da técnica pode ser utilizada com inúmeros materiais oriundos da floresta.
“A elaboração do extrato não agride a natureza, pontuando positivamente a sustentabilidade, pois o que se percebe é que as técnicas utilizadas atualmente são específicas, perigosas e poluidoras do meio ambiente”, completou.
Quanto à aplicabilidade do estudo, a pesquisadora explicou: “Estamos visando a aplicabilidade da água de fumaça, entretanto percebemos pelo prisma científico que foram detectadas substâncias ativas que aceleram o processo de germinação, consideramos isso um passo importante para o entendimento da fisiologia da germinação de sementes”.
Apoio da FAPEAM
O estudo teve financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT), desenvolvido durante o período 2008/2010.
Ferraz acredita que o papel da FAPEAM para o estímulo da pesquisa, não somente na capital, mas também no interior do estado, é de fundamental importância. “É necessário levar ao conhecimento da sociedade todas as informações sobre o repasse dos recursos para fomento de pesquisas, pois, muitas vezes, não há compreensão de tal investimento”, destacou, lembrando ainda que além de fomentar a pesquisa a FAPEAM permite aos pesquisadores a divulgação dos resultados em congressos nacionais e internacionais. “Nossa participação nesses eventos consolida o intercâmbio cultural permitindo à comunidade científica o entendimento melhor sobre a Amazônia”, afirmou.
Sobre o PIPT
O Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT) consiste em apoiar, com auxílio-pesquisa e bolsas, mestres e doutores vinculados a instituições públicas e privadas sem fins lucrativos interessados em realizar pesquisas científicas e tecnológicas no Amazonas.
Sebastião Alves – Agência FAPEAM