Estudantes desenvolvem atividades para o manejo sustentável da natureza
21/02/2011 – Com a participação de jovens dos ensinos Fundamental e Médio das comunidades do Médio Amazonas, o projeto ‘Manejo Sustentável de Quelônios por Comunidades do Médio Amazonas’, mais conhecido como ‘Projeto Pé de Pincha’, consegue há 12 anos, estimular uma consciência de manejo sustentável e manter o crescente aumento de quelônios na Amazônia.
Segundo o mestre em Ciência Animal e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Paulo César Machado de Andrade, a população de quelônios teve um aumento de cerca de 38% nos últimos anos. Ele considera esse número significativo por conta das desovas em praias protegidas pela legislação.
Andrade que também é coordenador do projeto lembra que, desde 2004, o estudo já contava com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa Jovem Cientista Amazônida (JCA). No início com, aproximadamente, 20 bolsas, mas atualmente, com um número menor. “Isso não interfere no andamento das atividades”.
As atividades
No início, foi realizado um diagnóstico em que constava o levantamento das espécies, do consumo e a forma como eram utilizados os quelônios pelos comunitários. Dentre as atividades desenvolvidas pelos jovens pesquisadores destacam-se a transferência do ninho ameaçado pela depredação humana para áreas mais protegidas até a devolução dos quelônios à natureza, quando estes atingem crescimento favorável de sobrevivência.
Segundo o professor, com os recursos destinados ao projeto, foram comprados pequenos equipamentos digitais para serem inseridos no casco dos filhotes, que registram em um microchip as atividades do quelônio até o fim da vida. Outra atividade desenvolvida pelos jovens cientistas é capturar os animais que foram soltos para inserção do chip. Ao longo de 2 anos, conforme o pesquisador, foi possível saber a proporção de animais com microchips e daqueles que ainda estão soltos na natureza.
“E, por conta disso, a obtenção de um quadro estatístico durante esse período, possibilitou saber previamente sobre a taxa de crescimento e de sobrevivência de tracajás na natureza”. Ressaltou.
Preservar é o principal resultado da pesquisa
Andrade afirmou que a conservação e proteção dos recursos faunísticos, a partir do trabalho desenvolvido nas comunidades é extremamente necessária, pois é um item importante dentro dos ciclos de convivência. “O jovem cientista que obteve maior treinamento será capaz de coordenar os outros comunitários, organizando e mantendo a comunidade unida, mas, principalmente gerando informações que poderão ser elaboradas e repassadas por meio de relatório aos órgãos ambientais”, disse.
Importância do apoio da FAPEAM
A FAPEAM foi a primeira instituição a oferecer bolsas de iniciação cientifica para jovens nessa faixa de idade, ou seja, alunos do nível Fundamental e Médio. Os estudantes tiveram a possibilidade de começar a pensar sobre as futuras carreiras profissionais. “Se eles têm a oportunidade de participar de algum projeto dessa natureza, e receber incentivo pra isso, é óbvio que eles começaram a ser capacitados e treinados mais cedo”.
Saiba mais sobre o Programa JCA da FAPEAM
O Programa Jovem Cientista Amazônida (JCA) consiste em apoiar, com bolsas e auxílio-pesquisa, pesquisadores de Instituições de Pesquisa e Ensino Superior (Ipes), organizações governamentais e não governamentais de comprovada qualificação em pesquisa científica ou tecnológica sediadas no Estado do Amazonas que desenvolvam pesquisas promovendo a inclusão social de estudantes dos ensinos Fundamental (5ª a 8ª série) e Médio de escolas públicas e de educação indígena.
Imagem 2: Quelônios (Ricardo Oliveira)
Sebastião Alves – Agência FAPEAM