Senador defende fortalecimento da pesquisa na Amazônia


04/02/2011 – BRASÍLIA – Finalmente a necessidade de se ampliar e apoiar a pesquisa na Amazônia ganhou destaque nos debates do Senado Federal. Hoje, o senador João Pedro (PT-AM) admitiu que para a região crescer e aproveitar de forma equilibrada as suas riquezas é indispensável mais investimentos em ciência e tecnologia, de forma a garantir a formação e a permanência de doutores e pesquisadores de renome na região.

“Precisamos de mais verbas do Poder Público, da iniciativa privada e do terceiro setor, mas tais recursos ainda estão muito aquém da sua importância ambiental, social e econômica”, avalia o senador. Segundo João Pedro, especialistas argumentam que a Amazônia precisaria, hoje, de mais ou menos 10 mil doutores, mas conta com menos de 4 mil.

A deficiência impede, por exemplo, de o Brasil conhecer o seu potencial de fármacos. A região possui cerca de 33 mil espécies vegetais – de valor farmacológico e comestível –, mas só conhece 5% desse potencial. E para complicar ainda mais, 70% das pesquisas realizadas estão sob o controle de pesquisadores estrangeiros.

Por essa razão, João Pedro defende que o governo brasileiro, com a ajuda do Congresso, precisa acelerar, e logo, a formação de mais pesquisadores na Amazônia. De acordo com o senador, no Amazonas,  Estado o qual representa, “há o empenho, a competência e o esforço sobre-humano dos pesquisadores, técnicos, profissionais da ciência e da tecnologia (…) que laboram no sentido de dar respostas aos problemas a que faço alusão neste discurso”.

Contudo, segundo João Pedro, tais ações são hoje insuficientes. “A Amazônia é ímpar pela sua riqueza em diversidade biológica e diversidade social”, disse. Mas o senador reconhece que, hoje, tudo que a ciência conhece sobre a fauna, a flora, os minérios e as florestas dessa região é insignificante em relação aos benefícios que esses recursos podem gerar se investigados e seus resultados usados em favor de suas populações.

Além da pesquisa, João Pedro defende a preservação da Amazônia de forma equilibrada. Ele compartilha com a ideia de que a floresta em pé, manejada com garantia científica, pode melhorar a qualidade de vida dos índios, caboclos, coletores de produtos florestais. Na avaliação de João Pedro, esses segmentos contribuem histórica e heroicamente com o uso adequado dos recursos das florestas e dos rios e, consequentemente, com a preservação dos diversos ecossistemas amazônicos.

Para o senador, um trabalho nesse sentido exige muito esforço e também coloca dezenas de vidas em risco. João Pedro lembra que muitos, nos últimos anos, perderam a vida por se oporem à devastação da floresta para implantação de atividades agropecuárias e madeireiras predatórias. “O seringueiro Chico Mendes é exemplo de vida, é exemplo histórico de ter dado sua vida em defesa de políticas públicas adequadas, assim como a irmã Dorothy, que perdeu a vida há bem pouco tempo”, destacou. Ainda conforme o senador, a Amazônia chora até hoje a perda dessas pessoas que pensam a Amazônia com qualidade de vida e com respeito aos saberes populares e a essa diversidade.

Olhares para a Amazônia

Emocionado, João Pedro disse que não há mais como conviver com a negligência e com o improviso: “eles nos custam muito caro e nos custam muitas vidas”. Advertiu que o centro das preocupações com a qualidade de vida no planeta está a Amazônia brasileira, cujo uso predatório já causou e causará variados e incalculáveis prejuízos à humanidade.

Nas últimas décadas, a ciência tem alertado ao longo dos anos que a Amazônia é uma região estratégica para o equilíbrio ecológico do planeta, mas, segundo João Pedro, “na prática, a atenção que se dá para essa constatação só agora começa a ganhar importância e prioridade.” Atualmente, a Floresta Amazônica funciona como um imenso captador de gás carbônico, aprisionando o mais prejudicial entre os gases que causam efeito estufa na Terra. Do mesmo modo, a Amazônia também é responsável pela distribuição das chuvas em escala mundial.

Em aparte, a senadora Gleisi Hoffmann (PT – PR) garantiu que vai apoiar a bancada da Amazônia em todas as suas necessidades. João Pedro agradeceu o apoio e fez uma ponderação: “não quero que a Amazônia se transforme numa reserva intocável. Almejo, sim, que essa região seja preservada de maneira sustentável, com o apoio da ciência e com o apoio das populações que lá habitam há séculos”. 

Agência FAPEAM

 

Com informações  da Agência Amazônia

 

 

 

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