Resíduos de pneus são alternativas para a construção civil


28/01/2011 – Resíduos de pneus que teriam como destino os aterros sanitários e pelo menos cem anos para se decomporem podem ser utilizados, por exemplo, na substituição parcial de ‘agregado graúdo de concreto’ e aplicados na fabricação de elementos de pavimentação.  

Tal constatação é resultado do projeto “Reutilização da borracha de pneus em substituição ao agregado de concreto”, do pesquisador e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Raimundo Kennedy Vieira, com o apoio do Programa Primeiros Projetos (PPP) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

Outro destaque apontado pelo pesquisador é a alternativa econômica obtida por meio da geração de renda para uma faixa da população, com o aproveitamento da mão de obra local na atividade de reutilização da borracha. “Este produto pode ser uma alternativa de solução para um problema nacional, que é o destino final dado aos resíduos de pneus. Além do custo altíssimo, os despejos em lugares inadequados podem comprometer a saúde e o meio ambiente”, afirmou.

Segundo Vieira, com os resultados da pesquisa se abriu a possibilidade do desenvolvimento de um procedimento específico para a incorporação da borracha ao concreto. “Do ponto de vista econômico, pode-se considerar a possibilidade desse tipo de material, antes considerado um problema principalmente para os gestores públicos que precisam administrar toneladas de dejetos nos lixões, tornar-se uma alternativa de alívio financeiro ao município. Por outro lado, temos consciência de que se trata apenas do começo de uma linha de pesquisa”, observou. vspace=10

Além de serem utilizados em obras de pavimentação, os resíduos de pneus podem ser aplicados às obras de complementação viária, como meio-fio, o que demonstra claramente os benefícios na mitigação do impacto ambiental.

Estudos semelhantes mostram que a reutilização dos resíduos da borracha de pneus já é uma realidade no Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER) do Rio Grande do Sul, no qual o material é aplicado às misturas asfálticas. Mesmo reconhecendo que há vários grupos de pesquisa empenhados nesse tipo de pesquisa, espalhados pelas universidades do País, Vieira chama a atenção para os ‘entraves’ de se fazer chegar à sociedade e ao empresariado local, esses estudos. “De maneira global o empresariado da Construção Civil é extremamente conservador, o que dificulta muito a incorporação de novas tecnologias produzidas pelas universidades e centros de pesquisa, ao dia a dia do cidadão comum”, avaliou.

Avanço acadêmico

Um dos principais desdobramentos desse trabalho, conforme explicou o pesquisador, é a criação de uma linha de pesquisa dentro do Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Ufam, proporcionando o aprofundamento deste tipo de estudo no Amazonas. “Atualmente, estamos em fase final de produção de artigos científicos, desta vez, sobre a aplicação da borracha em argamassa, além de outro trabalho para aplicação do material em placas cimentíceas pré-moldadas, a serem utilizadas como pavimentos em parques e jardins”, enfatizou.

Para o professor, o grande resultado promovido pela execução do projeto foi o impulso dado aos pesquisadores, que publicaram dezenas de artigos e foram contemplados com diversos projetos aprovados em todos os órgãos de fomento, além de inúmeras dissertações defendidas, com o auxílio dos equipamentos adquiridos.

Para o pesquisador, o apoio da FAPEAM foi imprescindível em todo o processo. “Com os recursos montamos uma infraestrutura de apoio, adquirimos equipamentos, contratamos serviços. A partir deste estudo, muitos projetos vieram e hoje podemos dizer que nosso grupo tem relevância estadual, nacional e internacional”, ressaltou.

Sobre o PPP

O Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores – Programa Primeiros Projetos, desenvolvido em parceria com o CNPq, consiste em apoiar a aquisição, instalação, modernização, ampliação ou recuperação da infraestrutura de pesquisa científica e tecnológica nas instituições públicas e particulares, sem fins lucrativos, de ensino superior e/ou de pesquisa sediadas ou com unidades permanentes no Estado de Amazonas, visando dar suporte à fixação de jovens pesquisadores e nucleação de novos grupos, em quaisquer áreas do conhecimento.

Imagem 2:(Foto:divulgação)

Alessandra Leite – Agência FAPEAM

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