Pesquisas em citricultura avançam no Amazonas
14/01/2011 – Apesar de o Brasil ocupar lugar de destaque em nível mundial na área de citricultura, principalmente na produção de laranja-pera, a Região Norte, em especial o Estado do Amazonas, ainda requer melhorias na qualidade e produtividade do fruto, se comparadas com a produção em regiões como a Sul e Sudeste.
Entretanto, este cenário pode mudar. Diversas instituições de pesquisa, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em parceria com os produtores locais, estão realizando pesquisas para desenvolver o setor de citricultura na região.
Nesse contexto, dois projetos ganham destaque: o primeiro, ‘Desenvolvimento da Citricultura e Implantação do modelo de Produção Integrada no Estado do Amazonas’, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e com o Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (Inpa) e o outro denominado ‘Calagem e Adubação com nitrogênio, fósforo, potássio e micronutrientes para a cultura da laranjeira na região de Manaus’, da Ufam.
O sistema de produção integrada é uma técnica moderna de se produzir alimentos com monitoramentos permanentes em diferentes fases da produção, o que conduz à obtenção de alimentos de melhor qualidade com segurança para o consumidor e produtor. Além disso, diminui o uso de insumo contaminante, reduz gastos de produção e colabora na preservação do meio ambiente.
O sistema de produção integrada funciona da seguinte forma: o produtor tem uma lista de atividades obrigatórias recomendadas pelo Ministério da Agricultura a cumprir. Todas as recomendações devem ser rigorosamente cumpridas dentro dos critérios adotados pelo sistema.
Uma das partes importantes para o sistema de produção integrada é o manejo integrado de pragas. Segundo Marcos Garcia, um dos pesquisadores do projeto, no sistema convencional não se faz o monitoramento do nível de ocorrência da praga e se fazem, normalmente, aplicações de agrotóxicos de maneira preventiva. No sistema de produção integrada por meio de monitoramento verifica-se o nível de infestação da praga e aplica-se o agrotóxico somente quando esta atingiu o nível de prejuízo necessário. “O mercado internacional é, atualmente, restritivo à importação de frutas que contenham altos níveis de resíduos químicos ou contaminações biológicas. Por isso surgiu a ideia de se ter produtores certificados para a produção integrada”, afirmou.
Nutrição adequada do solo influencia no rendimento do fruto
Outro projeto de destaque no setor de citricultura é o do doutor em Ciências do Solo José Zilton Lopes Santos, que atua no curso de Agronomia da Ufam.
A pesquisa ‘Calagem e Adubação com nitrogênio, fósforo, potássio e micronutrientes para a cultura da laranjeira na região de Manaus’ busca obter um banco de dados sobre o manejo adequado do solo para a produção de citros na região.
Segundo Zilton, um dos principais fatores que influenciam no rendimento da produção do fruto é a questão nutricional. “O fator nutricional do solo equivale a 50% do desenvolvimento do fruto. A outra metade está dividida entre os fatores fitopatológicos, o clima e a qualidade da muda”, explicou.
Ainda de acordo com o pesquisador, os projetos não resolvem todos os problemas da citricultura no Amazonas, mas os resultados obtidos servirão de base para outros estudos, buscando fortalecer o cultivo no Estado.
Ações têm fomento de órgãos financiadores
Essas ações contam com incentivos de instituições de fomento como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Secretaria de Estado de Produção Agropecuária, Pesca e Desenvolvimento Rural Integrado do Amazonas (Sepror).
Para o projeto de produção integrada há um aporte de R$ 600 mil da FAPEAM e de R$ 200 mil da Sepror. Já a pesquisa da calagem recebe aportes do Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR).
Foto2:Pragas são combatidas com nível de agrotóxico necessário (Foto:Ricardo Oliveira)
Fábio Guimarães – Agência FAPEAM