Entrevista com a pesquisadora do Hemoam Cristina Motta


Farmacêutica-Bioquímica com Especialização em Imunohematologia pela Sociedade Brasileira de Hematologia e Doutorado em Doenças Tropicais e Infecciosas, Cristina Motta Ferreira atua na Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) como pesquisadora nas linhas de Hematologia, Hemoterapia, Genética Microbiana e Epidemiologia Molecular. É também professora do Programa de Pós-graduação em Hematologia e coordenadora do Programa de Mestrado em Ciências Aplicadas à Hematologia.

Cristina Motta Ferreira Hemoam  - Fotos Érico Xavier_-5

Cristina Motta- doutora em Doenças Tropicais Infecciosas

Em entrevista para a equipe do Departamento de Difusão do Conhecimento (Decon) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, Cristina conta como foi o ingresso no campo científico e como a pesquisa está inserida no seu cotidiano.

1- Como iniciou a sua trajetória na pesquisa científica?

Durante a minha fase de estudante, desde a escola primária até a faculdade, sempre gostei de estudar e de pesquisar os trabalhos que os professores passavam. Meu interesse na pesquisa científica iniciou na faculdade, mas foi no mestrado que percebi que realmente me identificava com a pesquisa e que, por intermédio dela, poderia encontrar satisfação em exercer minha profissão e, ao mesmo tempo, desenvolver projetos que pudessem trazer avanços e melhorias para a área da saúde pública onde atuo e, assim, contribuíssem na busca de alternativas para a melhoria de qualidade de vida dos pacientes atendidos no SUS. Mesmo depois de tantos anos trabalhando ativamente na área da saúde, ainda estou convencida de que estão inseridas na pesquisa científica e na formação de recursos humanos  as respostas e soluções que podem fazer a diferença no sistema como um todo e, principalmente, na vida das pessoas.

2- Sobre a presença a feminina na ciência como você avalia esse cenário?

É fato que a presença feminina na pesquisa científica vem aumentando anualmente. Cada vez mais as cientistas estão deixando “suas marcas”, ampliando seu espaço em praticamente todas as áreas do conhecimento. Diversas mulheres já se destacaram na área da pesquisa, inclusive sendo premiadas com o Nobel. A participação feminina na coordenação de projetos sejam eles no âmbito regional, nacional e internacional, já é significativa – ressaltando que, no desenvolvimento de projetos de pesquisa, o importante é a união e o foco da equipe, independentemente do gênero – mas, acho também que sob a liderança das mulheres, o ambiente fica mais leve, confiante, seguro, compreensivo e dedicado.

3-Como você avalia a importância  da divulgação científica ?

Quanto mais pesquisadores tiverem espaço para falar sobre ciência de uma maneira descontraída e informal, ajuda a tirar mais um pouco a visão das pessoas de que a pesquisa científica é algo difícil de se executar ou que somente os privilegiados têm acesso a programas de mestrado, doutorado e pós-doutorado.  A divulgação, informando sobre o que é a pesquisa científica e os projetos executados, contribui para que mais pessoas se interessem em se tornar cientistas. Iniciativas como essa, na qual pesquisadoras do nosso estado têm a oportunidade de expressar suas sensações, opiniões e falar um pouco de suas áreas de atuação para outras pessoas, que não conhecem, sem dúvida já é um importante incentivo.

4- Qual mensagem você deixa para quem pretende ingressar na área científica?

Para as pessoas que pretendem dedicar sua vida profissional atuando na pesquisa, posso dizer que não meçam esforços para atingir esse objetivo e não se deixem abater pelos momentos de dificuldades sejam quais forem. Não sei se podemos dizer que é uma mensagem, mas, quando estou com meus alunos, sempre digo que fazer pesquisa científica é trabalhoso, requer muita dedicação, estudo, caráter, responsabilidade e ética, mas que, no final de todo o trabalho, teremos a grande satisfação de ver que todos os nossos objetivos foram atingidos e que nossa contribuição  dada à ciência é muito grande!

Por: Jessie Silva

Fotos- Érico Xavier