Laboratórios permitem estudos aprofundados sobre mudanças climáticas

07/12/2010 – Simular cenários causados pelas mudanças climáticas que devem ocorrer até o ano de 2100 em situações extremas, como redução e aumento da temperatura, já é uma realidade na pesquisa do Estado do Amazonas. A partir de agora isto será possível por meio dos Laboratórios Microcosmos e Clean Lab, inaugurados nesta terça-feira (07/12), no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com a presença do ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, e do titular da Secretaria de Ciência e Tecnologia e diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), Odenildo Sena.

Toda a estrutura de última geração foi montada dentro do Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular (LEEM) para atender as demandas de experimentos desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Centro de Estudos de Adaptações da Biota Aquática da Amazônia (INCT/Adapta-Amazônia), que tem recursos totais da ordem de R$ 7 milhões, sendo R$ 2,84 milhões da FAPEAM e R$ 4,14 milhões do CNPq/BNDES.

Segundo o diretor do Inpa, Adalberto Val, que é o coordenador geral do INCT, nesses espaços experimentais será possível antever o comportamento de animais e plantas em cenários afetados pelas mudanças climáticas. 

A nova estrutura vai permitir avaliar também se as mudanças do clima podem interferir na produção do pescado. "Nessas salas vamos reproduzir o ambiente normal e mais três cenários para avaliar o que vai acontecer de diferente. Vamos colocar peixes, algumas espécies de plantas aquáticas e micro-organismos. Em termos poéticos seria uma janela para o futuro em relação às mudanças climáticas", explicou Val.

De acordo com ele, esses efeitos são, na realidade, um indicativo de que a humanidade precisa se  preparar rapidamente para aquilo que está sendo previsto a partir dos efeitos das mudanças climáticas.

”Os organismos e nós também  somos capazes de nos adaptarmos numa ampla variação de condições ambientais. Mas até que ponto isso pode acontecer? Ninguém estudou isso até agora, em nenhum lugar do mundo. Então estamos proporcionando as condições para que isso seja estudado, são laboratórios extremamente sofisticados com espaços pequenos, pois precisamos manter a atmosfera altamente controlada por um período muito longo de tempo’’, frisou.

A coordenadora de projetos do Adapta e pesquisadora do Inpa, Vera Val, informou que, além das análises dos cenários será possível controlar a concentração do gás carbônico (CO₂), principal gás do efeito estufa.

"Nós vamos ter pela primeira ver no Brasil salas onde haverá o controle não apenas da temperatura, mas também do gás carbônico", disse.

Inaugurações

A inauguração dos Laboratórios de Microcosmos e Clean Lab fizeram parte da entrega de um conjunto de 76 obras de infraestrutura do Inpa, realizadas ao longo de quatro anos, com recursos da ordem de R$ 280 milhões, alocados pela FAPEAM, CNPq, Suframa, Petrobras, Capes,  Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e verbas de emendas parlamentares. Ao todo, foram entregues, nos últimos dois anos, 12,4 mil metros quadrados de área construída e reformada, além de 16 mil metros quadrados de pavimentação da Estrada da Reserva Ducke.

Sobre o Adapta

O Centro de Estudos de Adaptações da Biota Aquática da Amazônia é uma rede de atividades de Biologia Aplicada criado com a proposta de estudar as adaptações de organismos aquáticos da Amazônia por meio da incorporação de novos equipamentos, da estruturação de um serviço de bioinformática e capacitação de recursos humanos. O projeto faz parte dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Foto 1 – Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular do Inpa (Leem) (Cristiane Barbosa)

Foto 2 – Ambiente do Laboratório Microcosmos  (Cristiande Barbosa)

Cristiane Barbosa e AnaMaria Leventi – Agência FAPEAM

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