Prevalência de casos de Hepatite B oculta preocupa no Amazonas
03/10/2010 – Considerada uma doença silenciosa por, na maioria dos casos, não manifestar sintomas entre os seus portadores, a hepatite, doença causada por vírus, preocupa especialistas e estudantes e é alvo de estudos.
No Amazonas, a pesquisa “Prevalência da Hepatite B oculta em pacientes anti-HBC total isolados atendidos na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM)”, realizada pela estudante do 9° período da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Leila Diniz Prezotti Lopes, detectou a presença do vírus da hepatite B oculta em pacientes que buscam tratamentos diversos naquele hospital.
Segundo a estudante, o objetivo da pesquisa foi justamente analisar a ocorrência do vírus da hepatite em pacientes do Estado do Amazonas. Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC), o estudo foi orientado pelo professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Gildo Maia.
Procedimentos
Lopes explicou que o desconhecimento da prevalência torna ainda mais difícil a detecção do vírus, entretanto, a partir de um exame sorológico, é possível verificar o DNA do vírus no sangue. Outra alternativa é a realização de uma biópsia para verificar a presença do vírus no fígado do paciente.
Segundo a pesquisadora, o estudo verificou 40 pacientes portadores de hepatite B foram submetidos a vacinação e , após a primeira dosagem, apresentaram características da soroconversão, ou seja, fenômeno observado em indivíduos soro negativos que ao serem devidamente estimulados por infecção ou vacinação passam a produzir anticorpos específicos contra o agente indutor.
A pesquisadora explicou ainda que uma pessoa infectada e curada vai apresentar um perfil sorológico com o anti-HBc positivo e o anti-HBs positivo. “Por conta disso uma nova situação surgiu, a presença do vírus da Hepatite B oculta, agravando ainda mais o quadro dos pacientes”, salientou.
A pesquisa, realizada no período de 2009 a 2010, analisou pacientes da FMTAM que tinham uma sorologia adequada de acordo com o perfil determinado, que era ser paciente com sorologia de hepatite B (sorologia anti-HB total positiva). Além dessa sorologia, o paciente deveria ter o anti HBS negativo e o anti-HBs G negativo.
Estes pacientes foram vacinados para verificar se realmente havia falha de imunidade. Os estudos mostraram que sim. “Apesar dos avanços alcançados para se entender a doença, não foram aplicadas as três doses da vacina em todos os pacientes que participaram do cronograma de vacinação, pois alguns acabaram desistindo no meio do caminho”, destacou.
Benefícios
Segundo Lopes, os benefícios trazidos para a comunidade médica a partir dos dados encontrados possibilitou conhecer uma nova “entidade”, denomida de “Hepatite B Oculta”. Apesar dos avanços a estudante se diz frustrada com os resultados em razão do número reduzido de pacientes nos procedimentos metodológicos, o que precisa ser ampliado. Outra questão apresentada é a duração de realizaçao da pesquisa. “Um ano de pesquisa não é suficiente para se chegar a resultdos precisos, seria necessário um maior tempo para investigação”, completou.
Apoio da FAPEAM
A estudante acredita que a iniciativa dada pela FAPEAM é muito importante para este tipo de pesquisa, pois quando um acadêmico de medicina estiver inserido numa instituição envolvida com pesquisa cientifica ele só terá a ganhar. “Certamente o estudante irá aprender várias técnicas e novos conhecimentos que não são vistos na Faculdade. É como se fosse uma preparação acadêmica para o mestrado ou o doutorado. É muito bom mesmo”, disse.
Como se prevenir
A pesquisadora explicou que o vírus da hepatite é transmitido em transfusão de sangue, agulhas contaminadas, relação sexual, instrumentos cirúrgicos ou odontológicos. Ela faz um alerta explicando que não se adquire hepatite B por meio de talheres, pratos, beijo, abraço ou qualquer outro tipo de atividade social, desde que não ocorra contato com sangue de alguém infectado.
Uma informação interessante, disse Lopes, é que o vírus da hepatite B é bastante resistente, chegando a sobreviver até sete dias em ambiente externo em condições normais e com risco de entrar em contato com sangue através de picada de agulha, corte ou machucados (incluindo procedimentos de manicure com instrumentos contaminados).
Sobre o programa
O Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic) consiste em apoiar, com recursos financeiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação interessados no desenvolvimento de pesquisa em instituições públicas e privadas do Amazonas.
Sebastião Alves – Agência Fapeam