Interciência 2010: Futuro da Amazônia é foco de debates
26/10/2010 – "O Futuro da Amazônia" é o tema central do Simpósio Internacional realizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Associação Interciência, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), que acontece nos dias 26 e 27 de outubro, dividido em três painéis: Bens e serviços ecológicos; Potencial da biodiversidade e Desenvolvimento sustentável; e Desafios ambientais.
A conferência de abertura, intitulada “Amazônia: visão geral e desafios”, proferida pelo diretor do Inpa, Adalberto Luís Val, destacou a importância do conhecimento e do desenvolvimento de informações para gerar renda e inclusão social. “Eu tenho dito sucessivamente que o que nós precisamos é conhecer. Antigamente possuía de direito quem possuía de fato, quem estava fisicamente presente. No mundo moderno, possui de direito quem conhece de fato, e nós precisamos conhecer a Amazônia”, destacou.
O presidente da SBPC, Marco Antônio Raupp, afirma que não adianta ser apenas um instituto de pesquisa se não utilizar essa “linha de produção científica” integrando-a à sociedade, com o suporte de empresários. “Se você quer transformar efetivamente, a geração desse conhecimento, que é desenvolvido no instituto, em bens que possam ser utilizados para estimular negócios, os empreendedores têm que assumir esse conhecimento e organizar seus negócios, e aí entrar no mercado”, explicou.
No primeiro painel, “Bens e serviços ecológicos”, moderado pelo secretário geral da SBPC, Aldo Malavasi, e pelo diretor do Centro de Farmacognótica sobre a Flora do Panamá, Mahabir P.Gupta, foram discutidas questões sobre biotecnologia e recursos genéticos, com palestras ministradas pelo pesquisador Hildebrando Pereira da Silva, do Instituto de Pesquisa de Patologia Tropical (IPEPATRO) e pelo pesquisador do Inpa, Charles R. Clement, encerrada com conclusões e observações realizadas por Ademar Seabra da Cruz Júnior, do Ministério das Relações Exteriores e por José Mauro Esteves, do Gabinete de Segurança Institucional.
Já no segundo painel, à tarde, moderado pela vice-presidente da SBPC, Helena B. Nader e pelo professor Pierre Noreau, da Association Francophone pour le Savoir, e sob o tema “Potencial da biodiversidade e desenvolvimento sustentável”, o professor Robert J. Swap, da Universidade de Virgínia (UVA), dos Estados Unidos, destacou o “transporte atmosférico” e como isso afeta o suprimento de nutrientes na Amazônia.
Além dele, Alfredo Wagner Almeida, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam); Peter Mann de Toledo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); e Arnoldo K. Ventura da Universidade das Índias Ocidentais (UWI) na Jamaica, também ministraram palestras, que foram encerradas pelo diretor internacional da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), Vaughan Turekian, e pelo diretor do Inpa, Adalberto Luís Val.
Durante o evento, ficou clara a ideia de que instituições de toda a Amazônia precisam aumentar a colaboração, cooperação e troca de informações científicas. “E não tenho dúvidas que educação, ciência e tecnologia são os caminhos para proteger a Amazônia”, concluiu Val.
Houve ainda uma sessão especial, com a entrega do prêmio Interciência, em Ciências da Vida 2010, ao pesquisador Rodolfo A. Sánchez, professor emérito da Universidade de Buenos Aires na Argentina.
Na sequência
Os painéis desta terça-feira (26) abrigaram debates como "Populações tradicionais da Amazônia: diversidade cultural e o futuro", "População, saúde, biodiversidade e desenvolvimento sustentável na Amazônia brasileira", "Infraestrutura de pesquisa em biodiversidade da Amazônia", "Indústrias de extração mineral sustentável em um bioma sensível" e "Bio-inovação para as Américas".
Os presidentes da SBPC, Marco Antônio Raupp, e da Interciência, Michel Bergeron, encerrarão o encontro com uma apresentação de considerações e recomendações obtidas durante todo o evento.
Sobre as entidades
A Associação Interciência, criada há 36 anos no México, é composta de 18 países da América e tem como finalidade a união científica das Américas com o objetivo de promover o desenvolvimento das nações e o bem-estar de seus povos.
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) é uma entidade civil, sem fins lucrativos nem cor político-partidária, voltada para a defesa do avanço científico e tecnológico, e do desenvolvimento educacional e cultural do Brasil. Desde sua fundação, em 1948, a SBPC exerce um papel importante na expansão e no aperfeiçoamento do sistema nacional de ciência e tecnologia, bem como na difusão e popularização da ciência no País.
Foto1: Debatedores durante evento (Eduardo Gomes/Inpa)
Clarissa Barcellar – Ascom/Inpa