Projeto de energia renovável beneficia agricultura em Benjamin Constant
19/10/2010 – No município de Benjamin Constant, a 1.121 quilômetros a oeste de Manaus, agricultores e familiares receberão ações que irão satisfazer as necessidades energéticas básicas de suas comunidades, por meio do projeto “Luz e Vida: a apropriação tecnológica do processo de energização por agricultores e familiares”, do pesquisador Marco Antônio de Freitas Mendonça, que irá utilizar métodos e tecnologias, apropriadamente: econômica, social e ambiental.
A pesquisa, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa Jovem Cientista Amazônida (JCA), envolve comunitários nativos da região que apresentam formas de conservação características daquelas utilizadas pelas populações tradicionais da Amazônia.
As fontes de energia convencionais utilizadas no interior das residências (motores diesel/gasolina, lâmpadas a querosene, etc.) são poluidoras e pouco sustentáveis, não sendo um modelo de vida na floresta Amazônica. As famílias chegam a gastar 20% do orçamento com querosene e pilhas para a iluminação e uso de aparelhos domésticos, principalmente rádios.
Finalidade da pesquisa
De acordo com Mendonça, a finalidade da pesquisa é aprimorar as comunidades para que tenham uma autossustentabilidade energética, por meio do aproveitamento do recurso solar (fotovoltaico), melhorando e aumentando a produtividade, de maneira compatível com o modelo de agricultura familiar defendido por seus habitantes, culminando em um desenvolvimento integral: econômico, cultural e social.
"O recurso solar fotovoltaico é uma fonte de energia renovável, que configura-se como alternativa interessante para atendimento desta demanda. No entanto, a introdução de sistemas fotovoltaicos só seria viável se as comunidades estivessem suficientemente organizadas a ponto de se apropriar desta tecnologia", explicou o pesquisador.
A disponibilidade de energia elétrica potencializa, em muito, os processos organizativos, notadamente nas áreas de educação e saúde, pois a qualidade das ações didático-pedagógicas aumenta significativamente e as práticas de saúde preventiva se intensificam.
O processo de apropriação tecnológica também é importante, pois modelos participativos de difusão tecnológica tornam o agente comunitário sujeito das ações no contexto onde vive, proporcionando a capacitação de pessoal, em nível local, para a realização de manutenção e reparação de pequenas falhas dos sistemas a serem implementados, estruturação de atividades de organização comunitária, utilizando o período noturno na sala de aula energizada, e principalmente nas ações de saúde coletiva, aproveitando o conhecimento local sobre a medicina popular e estimulando os jovens a exercitarem sua curiosidade científica em pequenos experimentos de produção de espécies de uso medicinal.
Mendonça destacou que o projeto tem como concepção global gerar conhecimentos técnico-científicos sobre a realidade de vida dos segmentos rurais mais desprotegidos na Amazônia, embasados em experiências de difusão da tecnologia que obtiveram sucesso e principalmente na garantia dos processos educativos como agentes multiplicadores e de transformação.
O sentido era o de contribuir para a melhoria nas formas de organização social para, em consequência, ocorrer a melhoria na qualidade de vida das populações humanas nesta região.
Sobre o programa
O Programa Jovem Cientista Amazônida (JCA) consiste em apoiar, com bolsas e auxílio-pesquisa, pesquisadores de Instituições de Pesquisa e Ensino Superior (IPES), organizações governamentais e não governamentais de comprovada qualificação em pesquisa científica ou tecnológica sediadas no Estado do Amazonas que desenvolvam pesquisas promovendo a inclusão social de estudantes dos ensinos fundamental (5ª a 8ª série) e médio de escolas públicas e de educação indígena.
Foto1: Divulgação
Anamaria Leventi e Cristiane Barbosa – Agência Fapeam