Futuro da qualidade dos softwares no AM é promissor, diz pesquisadora
18/10/2010 – A 2ª Escola Regional de Informática (2ª ERIN/2010) reuniu em Manaus, no início de outubro, pesquisadores, professores e estudantes no Centro Universitário do Norte (Uninorte) Unidade 1, para discutirem temas relacionados à área de informática. A Agência de Notícias Fapeam pegou carona nesse que foi o primeiro encontro desse porte realizado no Estado para discutir o ensino, pesquisa e os avanços na área, e também entrevistou a ganhadora do Prêmio Anita Borg, do Instituto Anita Borg, pelo seu trabalho como agente de mudanças para mulheres em engenharia de software, a pesquisadora Ana Regina Rocha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Confira a entrevista completa:
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Agência Fapeam: A 2ª ERIN/2010 oportunizou aos estudantes de várias instituições de ensino superior da Região Norte, nivelar seus conhecimentos na área de informática, o que a senhora pensa sobre isso?
Ana Regina: Eu acho que realizar encontros regionais é uma excelente iniciativa da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). O nosso país é muito grande, e, para que os alunos de graduação, que são a maioria, certamente, talvez de mestrado, é muito difícil se deslocar de um lugar para outro. Então, é mais produtivo trazer pesquisadores de outras universidades para apresentar suas pesquisas e novos pontos de vista. Esse é o enriquecimento que um evento desse tipo pode trazer.
Agência Fapeam: O Brasil é um país cujo desenvolvimento de produtos de software está entre os mais importantes do mundo. Como a senhora avalia essa realidade?
Ana Regina: Essa realidade foi a que me motivou a fazer um modelo para melhorar a qualidade do software para empresas em nosso país. Em parte, são empresas pequenas e médias, correspondendo a cerca de 75% do mercado brasileiro. Então, é muito importante aumentar o número de empresas, mas, principalmente, fortalecê-las, torná-las mais competitivas por meio da tecnologia em informática. Todo esse trabalho que estamos desenvolvendo no Melhoramento de Processos do Software (MPS) é importante. A Universidade Federal do Amazonas (UFAM) também está envolvida nesse aspecto, de melhorar a capacidade das empresas para atender ao mercado, ou seja, atender melhor, desenvolvendo softwares com melhor qualidade e torná-los competitivos no mercado mundial.
Agência Fapeam: Em sua palestra magna na 2ª ERIN/2010, a senhora apresentou um quadro demonstrativo regional crescente sobre o número de empresas atuando no país. A Região Norte foi a que apresentou um menor índice quantitativo, aparecendo na última colocação, a senhora pode analisar esse quadro?
Ana Regina: Depois do retorno para Manaus de dois avaliadores em MPS, após a conclusão de doutorado, notamos que, em menos de um ano, foram criadas três empresas. Na cidade de Belém, já está ocorrendo alguma coisa nesse sentido também. Então, eu acho que a tendência é crescer o número de empresas voltadas para esse nicho de mercado no Estado do Amazonas. Acredito que quando eu retornar ano que vem a Manaus, vou encontrar coisas novas. Vai ser muito bom.
Agência Fapeam: Percebemos um número significativo de estudantes participando de sua palestra, o que a senhora recomenda para que eles se envolvam com a pesquisa científica, principalmente, na área de desenvolvimento de softwares?
Ana Regina: Eu adoraria que a maior parte deles se envolvesse com MPS, porque acredito que isso pode trazer o desenvolvimento para o país. Mas, ficarei animada também se eles forem trabalhar em universidades ou em empresas particulares. O importante é pesquisar ou trabalhar preocupados com o desenvolvimento da região que habitam. Eu acho isso mais importante do que ficar, simplesmente, procurando e pensando em qual pode ser o melhor emprego ou em que região se pode crescer mais.
Agência Fapeam: O que a senhora diria à comunidade científica do Amazonas que tem interesse em MPS?
Ana Regina: No Amazonas, se produz coisas extremamente importantes. O Estado está aberto a trazer pesquisadores e a realizar eventos desse porte com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, a FAPEAM. Eu vejo pesquisadores daqui participarem de eventos nacionais e internacionais. Isso é muito bom. Acho que é isso que se deve fazer, trabalhar duro e capacitar recursos humanos em programas de pós-graduação. Então, o Amazonas tem tudo para crescer.
Agência Fapeam: Falando um pouco de “trabalho duro”, foi isso que resultou na sua premiação com o Prêmio Anita Borg?
Ana Regina: A premiação, realizada na Conferência Celebração Grace Hoper para mulheres em computação, ocorrida em Atlanta (EUA), neste ano, é uma homenagem à primeira mulher que realizou a primeira linguagem de programação, na década de 50. O prêmio tem o nome de Anita Borg, que também era uma pesquisadora americana. Esse prêmio que recebi é destinado a mulheres consideradas agentes de mudança em seus países. Eu fui indicada por alguns trabalhos que tinha realizado. Um deles foi o trabalho com MPS, e outro, em informática médica, mas, principalmente minha ação junto à formação acadêmica de mulheres, em cursos de pós-graduação em mestrado e doutorado, com certeza isso é uma honra.
Sebastião Alves – Agência Fapeam