Pesquisa aborda comportamento de jovens dos séculos XIX e XXI
26/08/2010 – É possível definir um padrão entre jovens de séculos diferentes? Quais características em comum poderiam ser encontradas? Esta curiosidade surgida de uma brincadeira em sala de aula foi que deu origem à pesquisa realizada pela estudante de graduação Cindy Lopes Medeiros da Silva, do 7º período do Curso de Letras-Língua Francesa da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Por meio do projeto “Psicanálise e Literatura: Padrões arquetípicos entre os Emos em Manaus e os Românticos do século XIX, em contos de Álvares de Azevedo – Uma busca atemporal por Identidade”, a estudante desenvolveu um paralelo entre o comportamento dos jovens das duas épocas.
Sob orientação da Professora Nicia Petreceli Zucolo, a graduanda procurou identificar as várias expressões dos jovens na busca por uma identidade individual, para entender o comportamento social e coletivo dos mesmos.
Para atingir seus objetivos, Medeiros utilizou como parâmetros as obras de Álvares de Azevedo, poeta da 2ª geração do romantismo (sec. XIX), e do grupo “a Epicureia”, do qual o romancista também fazia parte, em comparação com os Emos – jovens com comportamento emotivo e tolerante que, geralmente, utilizam trajes e maquiagem forte – na cidade de Manaus.
A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas, um programa que consiste em apoiar, com recursos financeiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação interessados no desenvolvimento de pesquisa em instituições públicas e privadas do Amazonas.
Padrões comuns em épocas diferentes
Segundo Medeiros, a pesquisa demonstrou que os grupos urbanos de jovens se destacam na sociedade por meio de comportamentos padronizados em microssociedades – grupos e tribos, ou seja, o indivíduo sente que é mais fácil se apoiar no grupo que julga ser igual a ele ou ideal para aquele momento da vida.
Segundo a pesquisadora, nesta fase, os jovens estão cheios de dúvidas, responsabilidades e controvérsias e eles não se veem mais como uma criança ou muito menos adulto. “O jovem cria seu próprio ritual de passagem na busca por austeridade. O processo da busca pela sua identidade se dá na identificação com o outro, nós descobrimos que isso é uma característica atemporal”, afirmou.
De acordo com a estudante, a opção de pesquisar sobre os Emos se deve ao pouco conhecimento que ainda existe sobre esse grupo. “Estudamos autores da psicologia como “Jung” e “Erikson” e também autores que estudam o processo do adolescer nos dias atuais, como Carlos Alberto Torres, para poder fazer o paralelo com as obras de Álvares de Azevedo”, comentou.
Encanto com a pesquisa
Iniciante na área científica, Medeiros ficou encantada com o processo de fazer pesquisa. “O estudo nasce de uma inquietação particular, movida pela curiosidade. Tenho planos de estudar Psicologia e prosseguir com propriedade nesse tipo de pesquisa dentro da área de literatura”, ressaltou.
Para a jovem pesquisadora, todo estudo sobre o homem e seu comportamento, individual ou coletivo é importante, pois quanto maior for o número de pesquisas nessas áreas, maiores as descobertas sobre o ser humano e a sociedade em geral.
Carlos Fábio Guimarães- Agência Fapeam