Insetos ajudam a compreender a biodiversidade no Amazonas
22/07/2010 – As larvas e os insetos são importantes nos ecossistemas de igarapés, lagos e rios, pois ajudam no processo de entendimento da biodiversidade. Na Amazônia, a diversidade de organismo é imensa e exige profissionais capacitados para a identificação das espécies. Contudo, estudos indicam que apenas 10% da biodiversidade da região é conhecida pela comunidade científica. No Amazonas, somente 140 espécies já foram catalogadas, como as seis novas espécies descobertas recentemente por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
O levantamento foi realizado por meio do projeto “Taxonomia e Biologia de Trichoptera (Insepta) na Amazônia Central”, cujo objetivo foi mostrar a importância dos insetos para o ecossistema, que passa pela reciclagem de nutrientes até a composição do cardápio de outros animais, como aves e peixes.
O projeto foi realizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Primeiros Projetos (PPP), sob a coordenação da pesquisadora Ana Maria Oliveira Paes, da Coordenação de Pesquisa em Entomologia (CPEN/Inpa). A pesquisadora destacou a importância do aporte financeiro da FAPEAM para o desenvolvimento do projeto, pois, segundo ela, foi possível a aquisição de instrumentos, como lupa, computador e materiais para captura.
Conforme Paes, o levantamento foi feito na Reserva Florestal Adolpho Ducke, zona leste, nos municípios de Presidente Figueiredo, Manacapuru e Barcelos. Ela disse que ao longo dos estudos se buscou reproduzir as condições do ambiente natural em laboratório, como luz e temperatura. “A meta era acompanhar o desenvolvimento dos insetos. Eles passaram pelas fases de pupa – estágio entre a larva e a forma adulta, até sair do casulo”, destacou.
Durante as análises, alguns tiveram sucesso no processo de desenvolvimento até chegar à fase adulta, enquanto outros não. Do total coletado, apenas seis conseguiram sobreviver. Também foi possível desenhar, fotografar e descrever todos os detalhes anatômicos dos insetos, o que, segundo a coordenadora, não foi fácil. De acordo com Paes, o processo é demorado e exige paciência.
Coleta
Os procedimentos de captura foram realizados com maior incidência nos igarapés de Barro Branco e Acará, ambos da Reserva Florestal Adolpho Ducke. Foram utilizadas armadinhas chamadas de rapiché (rede de coleta) e de luminosidade, esta última permite capturá-los durante o período noturno.
Após as coletas, as larvas foram levadas ao Inpa onde foram separadas e distribuídas em bandejas apropriadas. Logo após, colocadas em uma caixa de isopor sobre um recipiente com gelo para que não viessem a morrer de calor. Após isso, foram alimentadas com algas e folhas do igarapé durante todas as fases de desenvolvimento, o que acontece por um período de seis meses.
Sobre o PPP
O Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores – Programa Primeiros Projetos (PPP) desenvolvido em parceria com o CNPq, consiste em apoiar a aquisição, instalação, modernização, ampliação ou recuperação da infraestrutura de pesquisa científica e tecnológica nas instituições públicas e particulares, sem fins lucrativos, de ensino superior e/ou de pesquisa sediadas ou com unidades permanentes no Estado de Amazonas visando dar suporte à fixação de jovens pesquisadores e nucleação de novos grupos, em quaisquer áreas do conhecimento.
Foto 1 – Reserva, localizada na zonaNorte de manaus, tem 100Km2 (Divulgação)
Sebastião Alves – Agência Fapeam