Pesquisas com plantas antiinflamatórias avançam em Manaus


O conhecimento tradicional, aquele passado de geração em geração pelas famílias, sempre instigou pesquisadores que, por meio de estudos e experimentos, validam ou não o costume popular.

De olho nas plantas medicinais e remédios caseiros usados na região, a doutora em Química, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Rita de Cássia Nunomara, é uma dessas pessoas que, por meio dos estudos com plantas antiinflamatórias, busca conhecer melhor estas espécies.

Nunomara fez um levantamento de quatro espécies na reserva florestal Adolpho Duke, uma área de 100 Km2 , localizada na zona leste de  Manaus, por meio do Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no período de 2005 a 2008.

vspace=10Espécies e aplicações

Uixi-amarelo (endopleura uchi), Amapá-doce (Maraceae), Amapá-amargo (Parahancornia Amapá) e Abuta (abuta grandifolia) foram as quatro espécies analisadas. O objetivo da pesquisadora foi realizar um estudo para verificar a composição química dessas plantas e, em seguida, realizar o isolamento de um constituinte químico encontrado por meios de ensaios de atividade antiinflamatória “in vivo” (em tecidos vivos de algum organismo) e “in vitro” (processo biológico fora de um sistema vivo).

 

Por meio desses ensaios, a pesquisadora observou, por exemplo, que o extrato das substâncias do uxi-amarelo, normalmente consumido pela população por meio de chás, tem atividade analgésica, ou seja, descobriram-se enzimas inibidoras da dor. Contudo, Nunomara esclarece que as pesquisas são apenas o início de um processo do qual se quer verificar algo. “Para este estudo se transformar em um produto, por exemplo, ele requer tempo e mais investimentos”, afirmou.

 

 

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vspace=10Nunorama considera que a principal colaboração da pesquisa é para a formação de pessoas interessadas em pesquisar mais sobre as plantas utilizadas por meio do  conhecimento tradicional. “O Amazonas necessita de mais pesquisadores qualificados. A FAPEAM tem se esforçado para minimizar o quadro, com incentivos e investimentos na área, o que tem ajudado bastante”, observou.

Apesar do programa ter sido finalizado, a pesquisadora ressaltou que já submeteu a solicitação de financiamentos para outros projetos de forma que a pesquisa continue sendo realizada na área de plantas antiinflamatórias. “Queremos incluir outras espécies como o jucá, espécie também muito consumida pela população”, detalhou.

 

Sobre o DCR

O Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR), realizado pela FAPEAM com apoio do CNPq, consiste em apoiar, com bolsas, passagens e auxílio, doutores titulados em outros estados e no Amazonas, interessados em desenvolver pesquisas em instituições localizadas no Amazonas.

Foto 1 – Unha de gato, outra espécie usada como remédio na Amazônia (divulgação)

Foto 2: Coleta do leite de amapá-doce – Brosimum parinarioides (Arquivo Dendrogene/Embrapa)

 

 

Carlos Fábio Guimarães – Agência Fapeam

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