Biotecnologia é aplicada para expandir mercado de flores tropicais
A floricultura é uma das atividades econômicas mais crescentes no mundo e movimenta cerca de US$ 9 bilhões anuais no comércio. Circunscrita em alguns países da Europa e no Japão, no Brasil, a atividade tem se expandido nos últimos 10 anos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país.
Para não ficar de fora desse mercado, a região Norte também se mobiliza e explora a diversidade das flores tropicais disponíveis em cores e formas variadas. Para incrementar ainda mais o mercado local, além dos investimentos em produção e comercialização, as flores foram para os laboratórios de pesquisa. É neste sentido que a Empresa Brasileira de Pesquisa em Agropecuária (Embrapa) desenvolve uma pesquisa inédita com plantas ornamentais, para despertar o interesse dos produtores e consumidores do Amazonas e de outros locais.
A pesquisa intitulada “Desenvolvimento de tecnologias para produção de Helicônias” é coordenada pela doutora Regina Caetano Quisen, com apoio do Programa de Pesquisa e Inovação Tecnológica (Pipt) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (FAPEAM).
Os estudos tiveram início na área agronômica e biotecnológica a partir da helicônia, flor típica da região, também denominada de sexypink, uma espécie que apresenta um alto potencial de comercialização e uma coloração bastante diversificada, visando obter dados para o melhor manejo da espécie.
De acordo com Quisen, na área agronômica, os estudos são voltados para identificar qual é a melhor condição de cultura da helicônia. Na área de biotecnologia, a ideia da pesquisa é trabalhar técnicas de melhoramento genético, como o uso da indução de mutação “in vitro”, visando incorporar novas características às plantas que sejam atrativas ao mercado consumidor de plantas ornamentais.
Pesquisa no campo e em laboratório
Segundo Paulo César Teixeira, um dos pesquisadores que participam do projeto, na área de campo estão sendo desenvolvidos dois experimentos, um de adubação e outro de espaçamento. No primeiro, as pesquisas buscam verificar qual o melhor tipo de adubo para se manejar a espécie, e o segundo visa determinar o espaço ideal entre as plantas cultivadas. “Queremos alcançar o aproveitamento eficaz do solo. Os produtores da região cultivam a helicônia de maneira empírica. Não temos nenhum estudo que recomende o melhor manejo”, observou.
No laboratório, as pesquisas caminham em dois sentidos. O primeiro é a indução, que visa alcançar por meio de variações genéticas, mutações positivas para a espécie. O outro caminho é estabelecer a melhor condição da propagação da espécie em condições laboratório, ou seja, disponibilizar uma tecnologia para a multiplicação em escala. De acordo com Regina Quisen, os estudos caminham dentro do cronograma e os trabalhos estão em andamento.
Um dos bolsistas do projeto é o aluno de graduação em Biologia do Centro Universitário Nilton Lins, Marcus Cauper Ventilari. “Participar do projeto me ajuda a ganhar experiência na área de Biotecnologia. Quero seguir a carreira de pesquisador , e esse contato com pesquisadores é muito estimulante”, comentou.
O mestrando Marcelo Domingues Raizer, responsável pelo protocolo de multiplicação da helicônia, está verificando os melhores meios de multiplicação e enraizamento da planta. “Estamos em fases de testes de reguladores, para verificar a taxa de multiplicação e testes em concentração de sacarose, para observar o melhor enraizamento da espécie”.
Mercado promissor
Para Quisen, apesar de ser um segmento produtivo ainda incipiente na região, a atividade de floricultura vem despertando o interesse cada vez maior de instituições, como a Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário (Sebrae/AM) e também da FAPEAM. “Os incentivos oriundos da FAPEAM são importantíssimos e vão contribuir para que essa atividade se torne um mercado promissor ,gerador de renda e emprego no Estado do Amazonas”, afirmou.
Sobre o Pipt
O Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica consiste em apoiar, com auxílio-pesquisa e bolsas, mestres e doutores vinculados a instituições públicas e privadas, sem fins lucrativos, interessados em realizar pesquisas científicas e tecnológicas no Amazonas.
Foto 1: Doutora Regina Caetano Quisen observa experimentos ( Ricardo Oliveira)
Foto 2: Helicônias " in vitro" ( Ricardo Oliveira)
Carlos Fábio Guimarães – Agência Fapeam